15 ANOS DE BACKSTREETBOYS: SERÁ QUE ROLA MAIS 15?
Agora com buchinho de cerveja e bem menos malemolência, os meninos de Orlando revivem o passado voltando aos palcos e lançando mão de performances que os joelhos e quadris já não permitem mais
Por Lidianne de Andrade
2008 é um ano de muitas datas para os Backstreet Boys (BSB), a boyband que mais fez sucesso na década de 90. Nesse último mês de agosto foram 11 anos do lançamento de seu maior sucesso de vendas, o Backstreet´s Back, que chegou ao Brasil antes mesmo do primeiro CD de estúdio, Backstreet Boys (1996). Este ano também marca a volta dos trintões à ativa, tendo no dia 26 de junho o marco para os fãs brasileiros do, agora, quarteto. Os boatos que o grupo estaria em nova turnê foram concretizados quando o portal MSN disponibilizou em sua sessão MSN in Concert, show gravado em Londres da turnê Unbreakable, lançado no ano passado.
Esta não é a primeira vez que o grupo vai parar na rede, a primeira foi em 2001, durante a Black & Blue Tour, em Dallas, posteriormente lançada em DVD oficial pela Live Records. E agora todos estão alguns anos mais velhos, gorduchos, alguns casados e pais de família. “Nós só estamos juntos durante esses 15 anos por causa de vocês”, declara A.J. aos fãs na apresentação, seguido por palmas e gritos exaltados. Na verdade, são 16, já que os “garotos da rua de trás” permanecem unidos desde 1992. E nunca 15 anos foram tão sentidos pela platéia. Claro, no meio da multidão nada melhor que cantar “As Long As You Love Me” (agora não mais com performances com cadeirinhas como nas últimas três turnês) e “All I have to give” junto ao coro e fazendo os gatos darem um sorriso digno do Coringa do Batman.
Sentando em casa, depois de uma boa noite de sono, assistindo ao DVD com carinho, não dá pra esquecer os aninhos passados. Brian, agora com 33, já não é mais um garotinho. No vigor da turnê de Backstreet´s Back, dançava como um menino e se jogava nos solos, com contraltos e gritinhos ao final. Em MSN in Concert, está reprimido. Talvez seja o peso de ser pai de família, casado e ter sofrido duas cirurgias do coração, ou mesmo porque a idade de cristo já está pesando em suas pernas. O caçula Nick era energético, 28, cheio de vigor, mas ficou calminho no palco. Nada de rebolados sexy. Cantar a empolgante frase “Am I sexual?” de “Everybody” não o fez cara pra rebolar como antigamente.
As roupas são mais discretas, sem tantas fantasias, algumas tentativas tímidas de animar o ambiente com um ringue no palco para simulação de luta de boxe na abertura e mesa de bar para o sucesso “Show Me The Meaning of Being Lonely”. Difícil de imaginar, mas a banda que desbancou das paradas, por muitas vezes, os concorrentes N´Sync e Five (este nem agüentou o barco e pulou fora no auge, antes que ficasse pior) voltou muito, mas muito tosca.
Depois de um hiato de cinco anos sem noticias, apenas especulações, o retorno dos cantores traz saudades, e os ídolos reconhecem. Se não sabiam, o show disponível até agora na internet e em milhões de blogs de fãs demonstra. Durante as músicas do CD novo, silêncio, como em todo lançamento, quando a galera ainda não decorou a letra. Ao som de “More Than That”, corinho com direito a ausência do quarteto para escutar a platéia acompanhando a banda.
Os fãs querem sim os Backstreet Boys de volta, mas será que estes em turnê são os garotos de 10 anos atrás? A dúvida confirma-se com o repertório de mais de uma hora de show, com 80% de grandes sucessos, que já rendeu até coletânea: The Hits: Chapter One, de 2001.
Difícil ser uma boyband no século XXI. Os tempos mudaram, o publico é mais exigente. Não é qualquer coreografia que vai fazer as meninas gritarem. As fãs já viram Nick de Múmia e Howie suado, sem camisa e mordendo uma rosa. Agora é a vez de vê-los de guarda-roupa novo e recatado. Nada de camisas abertas com insinuações sensuais. É sapato fechado, camisa, colete e terno ainda! Até camisa pólo branca valeu para Howie. A coreográfica está condizente com a idade dos caras, com passos curtos e sem estripulias corporais. Os acessórios toscos continuaram de herança: o chapeuzinho da dança de “All I Have To Give”. Se brincar ainda pode ser o mesmo! Suou o bichinho, viu? Alguns momentos constrangedores ficaram para trás, como os vôos de “Larger Than Life”, com coletes remetendo a era Star Wars (ou era Matrix?), como prova do aprendizado.
Felizmente, em 15 anos, os garotos de Orlando ainda possuem uma bela voz. Sempre se discutiu sobre a sobrevivência do gênero pop dos anos 90 no meio musical, mas nunca sobre o talento dos meninos. Nick vendeu pouco em carreira solo, mas provou que consegue tocar e cantar, não era apenas um rostinho bonito. Na nova turnê, os gatos provam que ainda sabem cantar, dispensam o playback e ralam o gogó em mais de uma hora de canto e dança. Para a moçada envelhecida que acompanhou Nick crescer e Kevin aposentar-se dos palcos (ele já tinha 28 quando a banca começou, agora talvez não agüentasse o tranco), esperava-se um período de calmaria. Um acústico, talvez. A vinda de mais um álbum pop assustou alguns. A fã de começo de carreira Felícia Áurea confessa: “Realmente esperei uma coisa mais calma e ver eles dançando no MSN in Concert assustou, parece que não é mais da época deles, estranho, mas nada que me afaste.”
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