12 bons discos lançados ao redor do mundo que você não ouviu este ano

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DESBRAVAR É PRECISO

Não muito tempo atrás conhecer cenas musicais de outros países além da Europa e EUA era tarefa quase humanamente impossível – além de cara. Com a popularização de serviços de streaming de música e downloads – sem falar do YouTube – não existe mais a desculpa para ficar tão alienado das coisas legais que saem todos os meses em lugares distantes.

Nos colocamos o desafio de desvendar bons discos que saíram em 2014 em continentes onde prestamos pouca atenção como Ásia, África e até aqui entre nossos vizinhos latinos. Até na Europa, que tem uma tradição pop de décadas, conhecemos pouco a produção de países como Rússia, Polônia, etc. Veja abaixo doze discos interessantes que valem a pena a audição e boa descoberta!

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AMÉRICA LATINA

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CORONEL – Doble Diablo (México)

A banda mexicana Coronel vem redefinindo o pop latino com a inclusão de uma produção bem contemporânea, um pouco experimental, mas com uma identidade latina que confere muita personalidade ao som. Em Doble Diablo os irmãos Juan e Iván Sáenz trazem um frescor ao cenário independente do México e mantém em alta a vontade de inovar.

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LA DAME BLANCHE – Piratas (Cuba)

A rapper cubana La Dame Blanche conectou o vigor do hip hop com o núcleo mais tradicional da música cubana. Hoje baseada na França, o mais interessante de La Dame é que ela é também uma cantora de jazz, o que mostra uma versatilidade que torna este seu disco Piratas um dos segredos mais incríveis da música latina em 2014.

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CENTAVRVS – Sombras de Oro (México)

Em seu primeiro disco, o Centavrvs criou um novo patamar para a música eletrônica regional mexicana. A busca por avançar além do tempero pitoresco fez de Sombras de Oro um dos álbuns mais aclamados do gênero na América Latina este ano. Formado por integrantes dos grupos Los Dorados, Neon Walrus e Troker, o grupo tem larga experiência para propor uma inovação com grandes possibilidade de renovação no pop mexicano.

OUÇA TAMBÉM: O novo disco da rapper franco-chilena Ana Tijoux é uma das produções mais incríveis do hip hop este ano. Fizemos uma matéria sobre ela em nosso especial de hip hop.

ÁSIA

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FATIMA AL QADIRI – Asiatisch (Kuwait)

Nascida em Senegal, mas criada no Kuwait, a produtora musical e artista plástica Fatima Al Qadiri, agora baseada em Nova York, lançou um disco conceitual sobre a Ásia. Ela decidiu abandonar todos os clichês que temos sobre o continente e imaginou um mundo gélido, pós-apocalíptico, como forma de chamar atenção para as diversas realidades existentes na região. O álbum abre com uma versão tenebrosa de “Nothing Compares To U”, música de Prince famosa na voz de Sinéad O’Connor, aqui cantada em mandarim.

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BORIS – Noise (Japão)

A banda japonesa de metal Boris é uma das mais prolíficas do mundo, com 19 discos lançados. Noise, lançado em junho, mostra que eles ainda não esgotaram todas as ideias. A faixa 君の行方 (“Paradeiro”) foi usado em um comercial de um videogame do Nintendo 3DS. Neste álbum eles caminham por diversos ambientes do rock, como o shoegaze, a psicodeia e o chamado sludge-rock (mescla de doom metal, thrash metal e southern rock).

ALI AIMAN – Overture EP (Malásia)

Depois de fazer um nome como compositor e produtor, o malaio Ali Aiman se aventurou em um trabalho autoral com esse EP Overture. O músico fez faixas introspectivas em que abusa de normas do downtempo, mas também traz toques de eletrônica mais moderna. É um disco de contemplação interior, como já disse o músico em entrevistas recentes. Destaque para a versão de Ali para “Pavane For A Dead Princess”, de Maurice Ravel.

ÁFRICA

IBIBIO SOUND MACHINE – Ibibio Sound Machine (Nigéria/Reino Unido)

Com ecos do pop dos anos 1970 e 1980 o grupo baseado em Londres Ibibio Sound Machine fez um caldeirão bem interessante de referências que misturam música eletrônica, gospel e até folk. A banda é liderada pela nigeriana radicada na Inglaterra Eno Williams. O disco homônimo é uma poderosa fusão de músicas de raízes africanas com o melhor das batidas eletrônicas atuais.

YEMI ALADE – King of Queens (Nigéria)

Yemi Alade, que você pode nunca ter ouvido falar, é uma das maiores estrelas pop da Nigéria, país que tem uma indústria cultural bem forte. O trabalho de estreia dela chegou este ano após três singles de sucesso e chamou atenção pela produção sofisticada que trouxe equilíbrio entre o açucarado e conhecido electropop com rap, música tradicional nigeriana, zouk e afrobeat.

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AKA – Levels (África do Sul)

Lotado de samplers, o novo disco do rapper sul-africano AKA mostra o porque do músico ser um dos maiores nomes no hip hop hoje na África. Neste segundo álbum de estúdio ele decidiu explorar diversos estilos e chegou a se arriscar com uma produção rebuscada, quase excessiva. O resultado é um trabalho que aponta a todos os lados como forma de mostrar que a antena de influências do rap africano alcança locais bem distantes.

EUROPA

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BRIGITTE – A Bouche Que Veux-Tu (França)

O duo Brigitte tem em seu projeto artístico o objetivo bem definido de emular o som dos anos 1950-60 na França. Apesar de fazerem parte da cena indie folk atual, o som todo faz referências ao passado, mas com um lado bem humorado, ciente de que podem criar algo divertido ancorado no retrô. As integrantes Sylvie Hoarau e Aurélie Saada escolheram o nome da banda em homenagem tanto a Brigitte Bardot quanto a Brigitte Lahaye. A Bouche Que Veux-Tu é o terceiro – e até agora melhor – disco das cantoras.

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PAOLO NUTINI – Caustic Love (Escócia)

Apesar do nome, Paolo Nutini não é italiano e sim escocês (algo parecido já aconteceu com o sueco José Gonzalez no passado). Com influências de Bowie, Pink Floyd e Beatles, ele não ganhou a mesma projeção de outros conterrâneos apesar de lançar discos pela major Warner. Em Caustic Love, Nutini apresenta um trabalho mais pesado, sem muito espaço para dispersão, e com sua interpretação das faixas sempre no limite da emoção.

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Маникюр – Восход (Rússia)
Manicure – Sunrise

O Manicure é uma das bandas de rock mais importante da Rússia. Em um país onde o pop sempre chegou com delay eles foram responsáveis por filtrar a estética pós-punk europeia e dar novo significado ao público russo. O disco Восход (ou “nascer do sol” em uma tradução básica) não fica nada a dever de grupos ingleses e norte-americanos que reprocessam referências de grupos como Joy Division, The Fall e Jesus & Mary Chain. Cantando em russo e escrevendo em alfabeto cirílico todas as letras, é evidente que eles nunca conseguiram muita projeção além do Leste Europeu. Com uma atmosfera dark e um instrumental pesado que mescla guitarras pesadas com discretas programações eletrônicas, é um disco que envolve e emociona mesmo quem não entende nadica do idioma.