Terceiro arco de 100 Balas não acompanha o ritmo da série
Por Paulo Floro
100 BALAS – PEQUENOS VIGARISTAS, GRANDES NEGÓCIOS
Brian Azzarelo (texto) e Eduardo Risso (arte)
[Pixel, 48 págs, R$ 6,90]
Este terceiro volume da série 100 Balas conta a história de dois amigos, jogadores inveterados. Enquanto um se tornou rico e bem-sucedido, o outro é um ex-presidiário e vigarista. O Agente Graves aparece então, para mudar a história. Assim como a arte do argentino Eduardo Risso, a trama da série é também lacônica.
O que brinda a premiada obra do roteirista Brian Azzarello é sua narrativa cheia de ritmo. Neste Pequenos Vigaristas, Grandes Negócios, o leitor presencia o cotidiano do trapaceiro profissional que foi preso injustamente graças às maquinações de um amigo de infância. Assim como outros arcos, o misterioso Agente Graves oferece 100 balas não rastreáveis e uma chance de vingança.
Apesar desta sequência manter intactas o ideário da série – os diálogos realistas, a violência estilizada, o recorte do submundo das cidades – o roteiro ficou cansativo. A impressão é que a série foi “esticada”. O argumento da história é tão simples que poderia ter se encerrado em um único episódio. O conceito de 100 Balas é muito frouxo, fugindo do rigor das tramas do universo DC, cheio de desdobramentos, continuações e intersecções que torna tudo muito confuso para não-iniciados. Sempre com histórias fechadas, 100 Balas encontrou outro público, longe até mesmo das histórias de fantasia e sobrenatural, especialidades de seu selo, a Vertigo.
Mas, existe uma trama muito maior na série que é revelada aos poucos a cada volume. No caso de Pequenos Vigaristas…, a história é fraca para sustentar algumas revelações importantes.
A arte de Eduardo Risso continua com o mesmo nível de experimentação dos números anteriores. O argentino explora o estilo noir com uma violência gritante, mostrado em ângulos cada vez mais inusitados. Numa mídia ainda tão pouco explorada em termos de narrativa gráfica, Risso é um artista de ponta. Sua arte se relaciona com o escritor e desenhista Paul Pope, com a diferença de que, ao contrário de utilizar o estilo cinematográfico, explora bem mais os espaços vazios, a pobreza dos cenários. Assim como Azzarelo, seu foco mesmo é na “atuação” dos personagens.
NOTA: 7,0