A convite da assessoria de imprensa da Paramount, este editor assistiu ao filme numa exibição exclusiva para jornalistas.
Em respeito aos leitores do blog, esta nota não contém spoilers.

Capitão América: O Primeiro Vingador, que estreia no Brasil nesta sexta (29), é o último passo do caminho para o filme dos Vingadores, previsto para maio de 2012, e que reúne o panteão da editora Marvel.
Neste aspecto, Capitão América cumpre sua função ao agregar vários elementos da mitologia que começou a ser construída com o primeiro filme do Homem de Ferro e conduzida magistralmente pelo produtor Kevin Fiege.
A história começa no tempo presente, com a descoberta de uma aeronave altamente tecnológica e que guarda em seu interior o famoso escudo do herói da Segunda Guerra Mundial.
Corte seco para a década de 1940: o franzino Steve Rogers quer a todo custo alistar-se no exército americano para combater os nazistas. A partir daí, é a história que todos conhecem: Rogers é escolhido como cobaia para o Projeto Renascer e se torna um supersoldado – o único, graças a um espião da Hidra, seção de pesquisa científica de Adolf Hitler comandada pelo inescrupuloso Johann Schmidt, o Caveira Vermelha.
Capitão América é um filme de matinê – e quando se toma ciência disso, fica clara a escolha pelo diretor Joe Johnston. Em muitos momentos, lembra um dos primeiros sucessos de Johnston no cinema, The Rocketeer, de 1991.
O clima construído pelo diretor é a perfeita tradução do Capitão América: um herói que, a despeito dos horrores da guerra, foi forjado uma época em que decência e patriotismo valiam alguma coisa.
É neste clima que o espectador deve entrar para curtir o filme em sua plenitude. Não há cenas de ação videoclipadas, não há violência gratuita nem efeitos especiais mirabolantes. É só o bom e velho Capitão América lançando seu escudo e combatendo o mal ao lado do inseparável Bucky Barnes e do Comando Selvagem.
Por falar em efeitos, a montagem de Chris Evans num corpo raquítico está entre os melhores do cinema nos últimos anos.
Os leitores de quadrinhos vão se deliciar com as várias referências: numa cena, é possível ver o Tocha Humana original (o androide Jim Hammond); na fase da propaganda de guerra, o Capitão – vestido com seu uniforme clássico – soca um falso Hitler, relembrando a capa da primeira revista do herói nos quadrinhos – e, no filme, a imagem vira mesmo uma capa de HQ.
Leitores mais assíduos vão perceber que, assim como no filme Thor, a trama mescla elementos da cronologia regular com a do Universo Ultimate, resultando numa história coerente e muito bem construída.
A amarração com a mitologia dos Vingadores aparece em diversos momentos, não só no final, quando a trama volta ao tempo presente, mas também no passado – em especial na participação ativa de Howard Stark (Dominic Cooper), pai de Tony Stark, o Homem de Ferro.
O elenco dá conta do recado com louvor. Chris Evans, para quem muita gente torceu o nariz, transmite com perfeição toda a hombridade de seu personagem, seja como o tímido Steve Rogers seja como o altivo Capitão América.
Tommy Lee Jones dispensa apresentações e carrega quase todo o alívio cômico do filme. Hugo Weaving já se provou um ótimo vilão como o agente Smith de Matrix e um excelente ator mesmo por trás de uma máscara, como em V de Vingança; seu Caveira Vermelho não foge à regra. Por força do roteiro, a atuação de Hayley Atwell como a agente Peggy Carter é bastante contida, mas, ainda assim, sua beleza enche a tela.
Capitão América: O Primeiro Vingador tem um roteiro bem amarrado, ótimas atuações e ótima reconstituição de época. É uma adaptação que se basta como filme e pode ser assistida por todo tipo de espectador, de todas as idades.
Se há algo que deixa a desejar no longa é seu clímax. Quem conhece o personagem, sabe de seu sacrifício final. É um momento angular e que define a cronologia do Capitão América para as décadas seguintes. Merecia uma dose dramática maior. Por isso, e só por isso, não é um filme perfeito.
Capitão América se coloca no mesmo nível de Thor e do primeiro Homem de Ferro. Não é pouco. E conforta os fãs de que Os Vingadores estarão muito bem representados.