Top 10 faixas essenciais do Desbunde Elétrico

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O músico D Mingus
O músico D Mingus

Por D Mingus
Especial para a Revista O Grito!

Acontece neste sábado mais uma edição de A Noite do Desbunde Elétrico, festival pernambucano que tem como proposta destacar a cena independente do Recife e evidenciar a musicalidade psicodélica do Nordeste. Criado em 2007, uma das coisas mais interessantes do Desbunde, que o difere dos outros eventos da cidade, é que ele não é organizado por produtores, mas pelos próprios músicos.

Por isso, chamamos um dos músicos desta edição do Desbunde Elétrico, D Mingus, para escolher as dez faixas essenciais para entender a proposta musical do festival. Ele escolheu nomes de todas as edições e faz um panorama do que está rolando de interessante na cena udigrudi recifense hoje. D Dmingus lançou nessa sexta (31) seu novo disco na web, Fricção.

Veja a lista com comentários do próprio D Mingus.

1 – Canivetes “Eu vou tirar você”
Praticamente o hino do Desbunde, que ganhou uma certa notoriedade na versão adaptada do Feiticeiro Julião. Essa é a original: faixa de abertura do último disco do Canivetes (Boa Noite Boemia, de 2010). Um som totalmente desabotinado, com fuzz comendo no centro e berros inconfundíveis de Marcionílio (vocal). Hoje Juvenil Silva (compositor da música) toca ela em seus shows solo mais como citação.

2 – Os Insites – “Vá em frente, Pire à Esquerda”
Os Insites – que juntamente com a galera do Canivetes foram os fundadores do Festival – lançaram alguns EPs e um único disco cheio (lançado em 2008) – que, na minha humilde opinião, trata-se do melhor disco de rock garageiro destas plagas. Shows incendiários e o flerte com a cultura mod foram alguns dos elementos que tornaram eles e o Canivetes “bandas irmãs”, apesar da clara diferença no som. Essa música é uma das minhas prediletas deles e, assim como a anterior, tem um título totalmente auto-explicativo.

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3 – Lula Côrtes – “Balada da Calma”
Essa eu escolhi porque a figura de Lula Côrtes sempre foi onipresente no Festival, mesmo ele tendo tocado em apenas uma das edições. Seus discos (como o Rosa de Sangue, 1980, que contém essa música) influenciaram as novas gerações… sem falar no seu lado humano, de ser um cara íntegro em sua porralouquice, acessível e com um senso de humor formidável. Tem um video antológico do Canivetes tocando essa música com ele na TV, no antigo Sopa Diário (programa de TV apresentado por Rogêr de Renor).

4 – Malvados Azuis – “Voyer”
Os Malvados Azuis participaram de várias edições do festival e traziam um som mais elaborado, com toques prog, mudanças de andamento… mas sempre com um jeitão Kinks. Revelou grandes talentos, desde Júlio Castilho (hoje atendendo pelo nome de Feiticeiro Julião) até meu companheiro de sons Hugo Coutinho (o compositor de “Voyer”, que também toca teclado e canta nela). O baixista deles (não lembro do nome agora) também se garantia muito. Enfim… Ótimos músicos que com o passar do tempo também cresceram muito como compositores.

5 – Sabiá Sensível – “É Tudo Uma Questão De Do-re-mi-fa-sol-la-si”
O Sabiá Sensível é uma banda que deixou saudades pelas suas performances teatralescas, lúdicas e viscerais (infelizmente perdi a única apresentação deles no Desbunde Elétrico), unindo uma nata de músicos recifenses de universos distintos mas com um entrosamento que só poderia ocorrer devido ao enorme laço de amizade entre eles. As falhas eram incorporadas às apresentações com uma naturalidade ímpar. Anaíra, Aninha Martins, German Ra, Vina, Enio oHomemBorba, Hugo Coutinho, Karla, Vicente – a banda com mais compositores/músicos talentosos por metro quadrado do Recife.

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6 – Zeca Viana – “Mary (NO) One”
Zeca também fez parte da cena rock de Estância/Areias juntamente com Insites e Canivetes. Ele, com bandas como o Asteróide B-612, sempre correu meio por fora, fazendo um som mais pop. Lançou seu primeiro disco solo, tocou com o Volver, mudou-se pra SP… Já tava na hora dele se apresentar no Festival. Na ocasião, ele lançará o seu segundo disco cheio (Psicotransa), de onde essa música foi extraída. Aguardem uma banda azeitada ladeando o garoto.

7 – Jean Nicholas – “Bueiragem”
Jean Nicholas, persona de André Conserva, quando deu por encerradas as atividades com Os Insites, colocou a guitarra elétrica no saco e passou um tempo em off, dedilhando o seu violão e, se não chegou a ser um folksinger cultuado, conquistou um público fiel e, mais importante, não parou no tempo. Constantemente se reinventando, agora ele flerta com rap, funk e o que mais der na telha. Folk fofo passa longe !

8 – Juvenil Silva – “Desapego”
Quando o jornalista Silvio Essinger se referiu em uma matéria no Jornal O Globo a Juvenil Silva como aquele que seria o grande articulador de uma nova cena recifense desbundada e periférica, ele decerto não estaria exagerando. Vá lá que ele não é o único, mas tem demonstrado a muitos que sozinho não se consegue fazer muita coisa e que a instigação é a alma do negócio, numa cidade quase morta em termos de shows e eventos autorais. Depois de se afirmar como um músico/compositor prolífico, conseguiu também respeito como intérprete. “Desapego”, faixa-título do disco de estréia mostra essa faceta de forma pungente, como se Belchior tivesse nascido no bairro de Areias e fosse mod na adolescência.

Aninha Martins
Aninha Martins

9 – Aninha Martins – “Thats All Right, Mãe”
Aninha (junto com Natália, da Dunas do Barato) é a grande intérprete do Festival. Cantou com Malvados Azuis e Sabiá Sensível, canta com Matheus Mota & Grupo Varal e D Mingus & Kazoo Orquestra… Neste Desbunde, fará o seu segundo show solo e já começa a articular um disco em que reunirá algumas de suas composições ladeadas por gente como Anaíra e Vina. “That’s All right, mãe” é uma composição de Geman Ra, que está em seu disco Rostinho Bonito, ainda não lançado.

10 – D MinGus – “De corpo presente”
Momento “vendendo o peixe” da lista. Música do meu disco recém-lançado, Fricção, é uma junção de Gary Numan com o Pessoal do Ceará. Fará parte do repertório do show, junto com outras novas e algumas dos discos anteriores.

desbunde

É isso. Longa vida ao Desbunde e vamos celebrar!

A Noite do Desbunde Elétrico 2013
01 de junho (sábado)
21h.
Ingressos: R$ 15
Local: Experimental (em Dois Irmãos, antigo Curupira)