Crítica: Veterano do samba, Toinho Melodia estreia em disco aos 68 anos

Paulibucano Merylin Esposi
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Toinho Melodia lança aos 68 anos seu primeiro disco, Paulibucano. O trabalho narra sua trajetória autobiográfica do jovem negro de periferia que saiu de Pernambuco para se tornar um dos compositores mais relevantes entre os bambas do samba de São Paulo.

O disco promove o encontro do samba por outros gêneros que influenciaram Toinho em toda a sua carreira, a exemplo do samba de terreiro, o xote e outros ritmos nordestinos. Faixas como “Aboio” e “Siri de Lá”, com zabumba, triângulo e sanfona, é um lindo intercâmbio entre a cultura nordestina e o samba paulista.

Nas letras o sambista incorpora uma narrativa muito própria do cordel e outras tradições nordestinas, da oralidade mais cadenciada. Fala com emotividade aflorada de sua juventude (“Filosofia do Morro”) e das experiências como músico periférico (a linda “Le Bolivia”).

Mas no âmago, Paulibucano é puro samba de roda com malemolência, batucada e coro. O álbum conta com arranjos do maestro Edson Alves e foi idealizado por Rodolfo Gomes, líder do Conjunto Picafumo, grupo que acompanha Toinho há mais de cinco anos. Rodolfo também assina a produção musical, ao lado de André Santos e Gabriel Spazziani.

Mesmo sendo um compositor importante da velha guarda, Toinho permaneceu por anos sem um registro gravado, o que torna esse trabalho autobiográfico um registro poderoso e importante da história do samba.

TOINHO MELODIA
Paulibucano
[Independente, 2018]