SP13J: Testemunho online expôs violência da polícia militar

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Foto via @fabi2moreas

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Twitter, YouTube, Tumblr, tudo foi registrado e transmitido ao vivo

Um grupo de pessoas gritava “sem violência” nas ruas de São Paulo na noite dessa quinta (13), enquanto a Polícia Militar atacava manifestantes com balas de borracha, gás de pimenta e lacrimogênio. E tudo foi registrado pelo YouTube e repercutido nas redes sociais, sobretudo o Twitter. O protesto foi contra o aumento das passagens de ônibus na capital paulista, a quarta vez nesta semana.

Segundo a UOL, mais de 192 pessoas foram detidas, 40 antes mesmo do protesto começar. A PM não confirma o número. Já o movimento Passe Livre diz que foram mais de 150. Diversos jornalistas foram feridos, entre eles sete da Folha de S. Paulo. A repórter da TV Folha, Giuliana Vallone, foi atingida no olho por uma bala de borracha e outro no rosto. Fábio Braga, também da Folha, foi acertado no rosto por um projétil.

#Vinagrete
Diversos manifestantes e jornalistas que levavam vinagre foram detidos, um deles o repórter Piero Locatelli, da Carta Capital. O vinagre reduz os efeitos do gás lacrimogênio. Já a PM disse que o produto pode ser usado para fabricação de bombas caseiras. Tudo começou como um protesto pacífico, com cerca de 5 mil pessoas, na altura da rua Roosevelt. Ali começou uma negociação entre o comando da PM e lideranças do movimento.

O major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, disse que o protesto fugiu do controle a soltou: “Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer“.

Revolta foi online
As redes sociais serviram para reverberar os acontecimentos nas ruas. Pelo Twitter, usuários denunciavam os excessos da PM quase que instantâneamente. Foi também o momento para as pessoas expressarem o descompasso do que era mostrado na TV e na cobertura da grande mídia em geral e o que realmente estava acontecendo.

Por volta das 20h, o apresentador Datena criticava duramente os manifestantes. Decidiu então realizar uma enquete ao vivo. O resultado foi a exposição de que estava fazendo apologia a uma violência desproporcional. Foi aí que, em uma reviravolta surreal, passou a reclamar da atitude da polícia. Para o apresentador, a audiência sempre tem razão, parece.

O Tumblr “Feridos no Protesto SP” aglomerou fotos, vídeos e depoimentos de quem estava na manifestação de hoje.

“Essa senhora que passava no momento levou um tiro na cara do meu lado. Os manifestantes gritavam sem violência e recebemos uma chuva de gás lacrimogênio e bomba de borracha no meio da Consolação. A policia encurralou todos na Praça roosevelt, levei três bombas do meu lado, com todos sem ter aonde ir”, disse o relato de Rafael Bruno Lopes.

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O testemunho de pessoas comuns serviu para expor ainda mais os policiais. Além das marcas de balas nas pessoas e ataques com bombas nas aglomerações, ainda tivemos acesso a vídeos que mostra um PM quebrando o vidro da própria viatura.

Foto via @fabi2moreas
Foto via @fabi2moreas

Enquanto isso, o governador Geraldo Alckmin soltou no Twitter uma mensagem de feliz aniversário para Guaratinguetá. Bem provável que foi um tweet programado, mas mostra que o silêncio dos políticos nas redes sociais só aumenta as tensões. Mais cedo, Alckmin disse que não toleraria atos de vandalismo. Já o prefeito Fernando Haddad disse que o protesto foi marcado por “violência policial“.


Policial ataca cinegrafistas e jornalistas. “Somos imprensa!”, alerta o jornalista.


Jornalista detido por porte de vinagre

Mais protestos em mais cidades
Os protestos nessa quinta se espalharam por outras cidades do Brasil, com menor intensidade. No Rio de Janeiro houve confrontos com a polícia e cerca de 2 mil pessoas foram às ruas. O governador do Rio, Sérgio Cabral disse que o clima foi de “baderna”. Em Porto Alegre, a polícia usou gás e 18 pessoas foram detidas. Em Maceió, cerca de 500 pessoas fecharam ruas, mas não houve confronto. Sorocaba e Santos também protestaram pelo aumento das passagens de ônibus.