Sete Modernos: obras raras de Cícero Dias, Brennand e João Câmara ganham exposição

VicentedoRegoMonteiro NossaSenhora
Uma das Nossas Senhoras de Vicente do Rego Monteiro. (Divulgação).
"Ex Voto", obra de Lula Cardoso Ayres, inédita no Recife. (Divulgação).
“Ex Voto”, obra de Lula Cardoso Ayres, inédita no Recife. (Divulgação).

O novo espaço de artes plásticas no Recife, a GaleriaSete selecionou obras raras de artistas pernambucanos para sua primeira exposição. Algumas peças são inéditas no Estado. Fazem parte da exposição “Sete_Modernos” Cícero Dias, Vicente do Rego Monteiro, Lula Cardoso Ayres, Francisco Brennand, João Câmara, Reynaldo Fonseca e José Cláudio.

A mostra coletiva apresenta ao todo 16 quadros desses sete pintores. A exposição tem início nesta quinta (11) e vai até 11 de agosto, sempre com entrada gratuita. A curadoria é de Daniel Maranhão e Thomaz Lobo, sócios da GaleriaSete.

Dos 16 quadros em exposição, três merecem destaque. Uma tela de Cícero Dias da década de 40 é algo raríssimo em uma mostra no Recife. Toda a produção desse período – que resulta nas pinturas mais importantes do pernambucano, criadas quando ele estava exilado em Portugal após ser preso na Alemanha – encontra-se na Pinacoteca de São Paulo, no MAM (RJ) e no acervo dos principais colecionadores do mundo. As obras refletem grande influência do cubismo, fato justificado pela estreita relação de amizade de Cícero com Pablo Picasso.

Obras de Lula, Brennand e José Claudio. (Divulgação).
Obras de Lula, Brennand e José Claudio. (Divulgação).

Também em 1940, Vicente do Rego Monteiro pintou três telas retratando Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Recife. Uma delas está exposta no Museu do Estado de Pernambuco. Outra integra a coleção do marchand Jean Boghici, no Rio de Janeiro. A terceira obra reapareceu em 2014 e foi adquirida pela GaleriaSete. A madona de Vicente, o ‘elo perdido’ dessa tríade, estará na mostra.

“Ex Votos”, obra-prima de Lula Cardoso Ayres, datada de 1952, foi escolhida pelo próprio artista para o cartaz e o catálogo da sua maior exposição retrospectiva, no Palácio do Itamaraty, em 1972. Recentemente, o tesouro foi redescoberto pelo curador do MASP, que o requisitou para integrar a mostra “Histórias Mestiças”, realizada no Instituto Tomie Ohtake (SP), em 2014. Parte do acervo da GaleriaSete, a tela do mestre Lula Cardoso Ayres será, pela primeira vez, apresentada ao público pernambucano.

Um panorama do trabalho de Lula, com seis obras do período de 1941 a 1969, poderá ser conferido na exposição. Além de “Ex Votos”, dois quadros são da série “Assombrações do Recife”, resultado de um convite que Gilberto Freyre o fez para ilustrar o livro “Assombrações do Recife Velho”. Também expostos estarão “Saída de Missa”, de 1941; “Caboclo de Lança”, de 1969; e um painel de 1947 que marca a transição da pintura figurativa para a abstrata, com a simplificação dos traços e utilização de formas geométricas.

Uma das Nossas Senhoras de Vicente do Rego Monteiro. (Divulgação).
Uma das Nossas Senhoras de Vicente do Rego Monteiro. (Divulgação).

Francisco Brennand participa com uma das obras encomendadas pelo seu amigo Ariano Suassuna para “O Auto da Compadecida”, um óleo sobre tela da década de 1960. Reynaldo Fonseca, um dos mais festejados artistas pernambucanos, vem duplamente: “Eva” (1970) traz viés surreal, enquanto o quadro datado de 1997 remete à atmosfera renascentista.

As duas obras de José Cláudio selecionadas para a mostra são observações do artista sobre cenas do cotidiano. “Sete_Modernos” é composta ainda de três momentos do paraibano/pernambucano João Câmara. De 1968, a obra “São Francisco de Assis” faz parte da série de pinturas sacras. De 1973, vem “Observação Africana”, um óleo sobre tela colado em madeira. E de 1995, um quadro em homenagem a sua série de litografias “Cenas da Vida Brasileira”.

GaleriaSete fica no Recife Trade Center, Av. Domingos Ferreira, loja 71, Boa Viagem, Recife.