Especial: Rio Doce para Iniciantes

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Rio Doce tem os mesmos clichês da urbe contemporânea, incluindo os problemas (Foto: Pires/Divulgação)
Foto: Passarinho / Divulgação Prefeitura de Olinda
Foto: Passarinho / Divulgação Prefeitura de Olinda

GUIA BÁSICO DE RIO DOCE PARA INICIANTES
Quase do tamanho de uma cidade, bairro de Olinda é tradicional e pop, nonsense e conservador e parte do imaginário coletivo do Grande Recife

Da Revista O Grito!

Rio Doce é um bairro, no mínimo, nonsense. Berço de gente famosa, esse meio bairro/meio cidade, tem no auge dos seus 50 mil habitantes, seis subregiões que se denominam: Jardim Rio Doce e as tradicionais 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, e 5ª etapa. São 19 escolas e colégios, um sem número de supermercados e mercadinhos, 17 hotéis, uma sede própria dos correios, um estádio de futebol em plena construção, o maior conjunto de apartamentos residenciais da Região Metropolitana do Recife (em número de unidades residenciais), além de, é claro, o maior número de linhas de ônibus de Olinda.

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Lá nasceram Chico Science e grandes jogadores de futebol como Biro-Biro, Juninho Pernambucano, Chiquinho, Nasa e Lúcio. O bairro já foi casa de Hermila Guedes, atriz, e do DJ Bruno Pedrosa também. Entre outras manifestações culturais estão as quadrilhas juninas nativas do bairro como a Pisa no Espinho, Tio Chico, Tio Barnabé, Flor do Abacate, Pau em Pé, Forró Moderno, Unidos no Arraial e Gaiola das Loucas (uma versão bem irreverente).

De vida cultural agitada, principalmente com as festas nas imediações da feira de Rio Doce, conhecida por ter (QUASE) de tudo, o bairro se orgulha do glamour do desfile do 7 de setembro, na rua das Garças (todas as ruas tem nomes de pássaros, países, números e cores). O acontecimento reúne mães, avós, crianças e adolescentes recobertos por idumentária em chifon e vestimentas oficias. Uma verdadeira ode cívica que culmina, sempre, em almoços faustosos no Bar do Santa Cruz ou reuniões entre vizinhos na casa daqueles que são os mais voluntariosos da rua.

No passado os colégios do Recife e de Olinda se reuniam para realizar a apresentação formal que, hoje, é realizada nas avenidas Cruz Cabugá e Conde da Boa Vista, no Recife.

A bem da verdade, Rio Doce reúne em si mesmo todos os clichês da urbe contemporânea: trânsito intenso? Confere. Favelas? São mais de sete, distribuídas em diferentes polos do bairro. Vida noturna? Geralmente no começo do mês, mas de tão animada vale as quatro semanas subsequentes.

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Foto: Otávio de Souza/Divulgação

O porque do nome
Na beira do Rio Doce, riacho que corta as imediações do atual bairro, se encontraram os primeiros holandeses recém-desembarcados e o primeiro conjunto de forças armadas (formadas por negros, índios e portugueses) genuinamente brasileira.

Orgulho Cohab
Acuado pelo contingente populacional, o Estado decidiu construir conjuntos habitacionais em cidades periféricas do Recife. O primeiro espaço urbano a receber grande volume de conjuntos foi Rio Doce que abrigou cidadãos do interior do Estado, mais de 80%.

Chico Science, ex-morador da 2ª Etapa de Rio Doce (Foto: Memorial Chico Science)
Chico Science, ex-morador da 2ª Etapa de Rio Doce (Foto: Memorial Chico Science)

Chico Sciense
Viveu na Segunda Etapa do bairro. Genuíno cohabeiro, Rio Doce foi tanto produto quanto inspiração do mix cultural do sertanejo que veio morar em Olinda.

Criança Esperança
Em 2003 o bairro recebeu uma unidade do projeto dentro da Vila Olímpica (área destina ao lazer juvenil no bairro). Em sete anos foram realizados cursos de capacitação e de esportes para jovens do bairro. O projeto deixou Rio Doce em 2011, indo para Jaboatão dos Guararapes.

Terminal de Rio Doce
O local é estreito, está sempre em reforma e se configura como um espaço de congruência onde todos os cidadãos, em algum horário, esbarram com seus vizinhos, conhecidos e amigos. O Terminal congrega todas as linhas de ônibus que circulam só no bairro e com outros municípios.

Feira de Rio Doce
É o polo de animação do riodocense, ou cohabeiro – como se chamam. A feira começa na noite das sextas-feiras indo até a tarde do domingo, quase que ininterruptamente. Se encontra de tudo, animais vivos, mortos, frutas, verduras e legumes de toda a ordem, além de produtos de beleza, itens escolares e um grande parque de diversões.