Resenha: Oumou Sangaré e a reinvenção de uma das maiores divas africanas

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Cantora do Mali lança novo disco com produção moderna e ambições de atingir novas audiências

Um dos maiores nomes da música do Mali, Oumou Sangaré retorna com novo disco após oito anos de hiato. E chega com ambição de atingir novas audiências sem que isso signifique romper com suas raízes e sua sonoridade. Mas Mogoya é, sim, um salto em direção a um público que ainda não a conhece.

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A começar, Oumou assinou com um selo francês, o No Format, e contou com a produção dos franceses do A.l.b.e.r.t., que já colaboraram com o Franz Ferdinand, entre outros nomes. Há mais guitarras roqueiras agora, além de batidas bem talhadas para festas animadas. Tony Allen traz sua percussão com muita personalidade em duas faixas, entre elas a ótima “Yere Faga”.

Há também espaço para experimentação, como na faixa-título, que se apoia nos alcances vocais de Oumou em cima de uma base instrumental bem moderna. Mas o que a cantora almeja mesmo é um merecido reconhecimento pop, como nas animadas “Fadjamou” e “Kamelemba”, que nasceram para ser hits.

Nome importante importante da cena musical do Mali, Oumou começou a cantar bem cedo, aos 13 anos. Iniciou a carreira como uma “sagoninkun”, cantora profissional de casamentos e cerimônias, até se envolver com o tradicional grupo Djoliba, onde fez turnê pela Europa. Quanto mais popular ficava, mais militante tornaram-se suas letras, trazendo um olhar feminista sobre poligamia e violência contra a mulher.

Ela é gigante no Mali, onde tem até um hotel e um modelo de carro, além de vários hits, mas nunca abandonou suas raízes. Seya, seu disco anterior, chegou após 10 anos sem gravar um álbum de inéditas e já trouxe elementos mais contemporâneos para sua música. Mogoya é a consagração da reinvenção dessa diva africana cujo talento merece correr o mundo com mais força.

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Foto: Benoit Peverelli.

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