Planetary / LJA – Terra Oculta

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Planetary / LJA – Terra Oculta
5.5

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Encontro desperdiçado
Por Paulo Floro

PLANETARY/LJA – TERRA OCULTA
Warren Ellis (texto) e Jerry Ordway (arte)
[Pixel, 68 págs, R$ 11,90]

Na linguagem dos quadrinhos, o gênero “crossover” (encontro entre dois personagens de editoras diferentes) nunca foi muito apreciado entre os leitores mais exigentes. Fruto muitas vezes de puro interesses comerciais, a maior parte das histórias – salvo um ou outro exemplo célebre – tem um roteiro raso. Mas, o que dizer então de Terra Oculta, escrita pelo renomado Warren Ellis, o criador da série Planetary, uma das mais vanguardistas e conceituais já feitas nas HQ’s?

É mesmo algo questionável. Primeiro porque, quase nada da dinâmica e enredo da série Planetary foi utilizado nesta edição. Em Terra Oculta, Clark Kent, Bruce Wayne e Diana Prince investigam as organizações Planetary, um grupo instalado na Lua que monopoliza muitas das conquistas tecnológicas do planeta. No melhor estilo “o que aconteceria se…”, a história se passa num universo alternativo, onde os maiores super-heróis da DC foram mortos e tiveram suas tecnologias e poderes roubados.

Umas das falhas de Terra Oculta é sua conceituação estreita dos dois grupos, a Liga da Justiça e o Planetary. Este último é apresentado como os vilões, e essa dicotomia que se desenvolve é o que torna a HQ um pouco rasa para séries tão cheia de possibilidades e com personagens riquíssimos. Quem acompanha Planetary (atualmente publicada da revista Pixel Magazine), sabe que essa noção de “mal” inexiste na série.

Um diálogo entre Clark Kent e Bruce Wayne no batmóvel, resume bem a edição: “Você gosta muito de coisas práticas, né?”. pixel-planetary-lja.jpgTodo o roteiro é baseado nesse pragmatismo, o que chega a caracterizar um vazio de idéias e um desperdício tendo personagens tão interessantes para se trabalhar. Os desenhos de Jerry Ordway torna tudo ainda mais distante da experiência de ler Planetary ou boas sagas da LJA. Seu traço é conservador, sem ousadias estéticas e com uma narrativa um tanto óbvia. A parte mais interessante e que ainda remete para o estilo Ellis de escrever, é a rápida aparição de J’onn Jonnz, que morre logo em seguida.

Desaconselhável para quem nunca leu Planetary, este crossover, mesmo com o mentor da série como roteirista, remete à ideia comum que se tem desse tipo de quadrinhos: descartável.

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Editor