Planetary – Deixando O Século 20

QUEBRA MITOS
Encadernado de Planetary repensa não só segredos dos séculos, mas também os quadrinhos
Por Paulo Floro

PLANETARY – DEIXANDO O SÉCULO 20
Warren Ellis (texto) e John Cassaday (arte)
[Pixel, 144 págs, R$ 37,90]

Um dos principais méritos da série Planetary foi repensar toda a história dos quadrinhos de super-heróis de modo a se tornar atemporal, além de se transformar na mais relevante das obras do gênero, ao lado de Watchmen. A Pixel coloca nas bancas este mês o especial Deixando O Século 20, além de ter lançado mês passado a última edição da história, na Pixel Magazine 14.

Deixando O Século 20 é um encadernado que reúne as edições 13 a 18, já publicadas pela editora na revista mensal Pixel Magazine. Aqui, o líder do Planetary se encontra com personagens mitológicos como Sherlock Holmes, Drácula (perfeita a cena do chute nos colhões), além de visitar a cidade perdida de Opak-re. As histórias representam os momentos mais eletrizantes da saga, com muita dose de ação e roteiro muito ágil, que já se encaminha para o final, que se dará nos números restantes.

Planetary conta a história de uma organização internacional (tem sede inclusive no Brasil) que se dedica a desvendar – e guardar – conhecimentos da humanidade através dos tempos. Os principais vilões da série, a superequipe Os Quatro rifaram a Terra para alienígenas de outra galáxia e tentam derrotar Elijah Snow, Jakita Wagner e o Baterista numa incessante luta por informação e poder. Pra completar, são uma releitura criativa do Quarteto Fantástico.

Warren Ellis escreveu seu nome entre os mais importantes autores dos anos 00 com esta série. Por anos, foi acusado de hermetismo pelo seu roteiro elaborado e lotado de referências. Depois, a série atingiu status de culto, com comunidades de fãs tentando desvendar todos os mistérios. O principal mérito é fazer uma releitura de toda a mitologia Marvel e DC, desconstruindo conceitos do mito do herói. Dessa forma, Planetary trouxe uma nova visão do tema como nenhum outro gibi.

No mundo pensado por Ellis e Cassaday, cada século possui suas próprias teorias, medos, segredos. Debater este conceito numa resenha seria muito raso, mas este conceito é importante para compreender a complexidade do roteiro.

Mais do que uma ode nerd com pretensões eruditas, a série trouxe tramas mais inteligentes, algumas truncadas, mas sem deixar a leitura cansativa. A arte de Cassaday, extremamente clean, delicada até, traz dinamismo e colabora para o resultado final. A última edição, publicada no mês passado, deve aumentar ainda mais a notoriedade da obra, que ficou incompleta, e deve ficar assim por um bom tempo. Ellis afirma que já terminou o roteiro, Cassaday diz que irá arrumar tempo para desenhar. Enquanto isso, viveremos o século 20 ainda com muitos segredos escondidos.

NOTA: 8,5

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