Pitty se reconectou com as raízes baianas e fez o melhor disco da carreira

Pitty Matriz capa web
8.5

Desde que era alardeada pela outrora influente MTV como a “jovem roqueira baiana”, Pitty já trazia em sua proposta artística algo bastante inovador. Mais do que emular as referências de outros ídolos do rock adolescente, ela chegou com um trabalho conceitual. Trafegando em um ambiente cheio de testosterona, ela venceu para se tornar um dos maiores ícones do gênero no Brasil. E fez isso com personalidade. Agora ela está de volta com um trabalho que a reconecta com as raízes da Bahia, com a força pulsante roqueira do início, mas que também revela uma segurança ainda maior e o desejo de experimentar com novos estilos.

Matriz é Pitty bem confortável com sua maturidade e sabendo explorar o melhor do estilo que construiu em todos esses anos. “Eu me domestiquei pra fazer parte do jogo/ mas não se engane, maluco, continuo bicho solto”, diz Pitty logo na faixa de abertura, um rock sombrio e minimalista em que ela coloca suas intenções à mesa.

Desde que se tornou famosa em todo o Brasil com Admirável Chip Novo, Pitty alcançou uma evolução que culmina nesse novo disco. Se tornou mãe, tornou-se atração de programa de TV, participou de projetos paralelos, fez inúmeras turnês. Matriz é um disco sobre reconexões, mas não em uma escala óbvia. É sobre as raízes negras presentes no afro-soul de Lazzo Matumbi em “Noite Inteira” ou na capoeira moura na faixa “Redimir”. É também sobre saudades e memórias – mas sem nostalgia – como quando ela retoma as influências reggae e new wave de sua adolescência, caso de “Te Conecta” e “Submersa”.

O álbum lança um novo olhar para gêneros que sempre foram relacionados à Pitty, caso de “Ninguém é de Ninguém”, que traz um ska de vocal raivoso. Já “Motor” é uma regravação da banda baiana Maglore, de 2013, aqui repaginada como uma balada meio lisérgica pela cantora.

O disco traz ainda participações de Larissa Luz, Pupillo e Marlon Sette, além de reunir a banda de Pitty, em turnê desde o ano passado: Pitty nos vocais, Martin na guitarra, Gui Almeida no baixo, Paulo Kishimoto numa variedade de instrumentos e Dani Weksler na bateria. Matriz traz Pitty em sua melhor fase, bastante segura e madura, bicho soltíssimo.