O anúncio oficial foi feito em novembro do ano passado; o primeiro preview saiu no começo deste mês, poucos dias antes do lançamento no Fest Comix.
Astronauta – Magnetar inaugura a série Graphic MSP. O selo é filho direto do projeto MSP 50, em que vários autores emprestaram sua visão pessoal da Turma da Mônica.
A diferença é que os três livros do MSP 50 são coletâneas de histórias curtas, e os autores não tiveram espaço para ir fundo na mitologia dos personagens.
Com quase 70 páginas à disposição, é justamente isso que Danilo Beyruth faz em Astronauta – Magnetar: cria uma história adulta, contemporânea, sem deixar de lado as principais características do personagem.
Na trama, o herói investiga um Magnetar, nome dado ao estágio final da vida de certas estrelas. O fato de ser orbitado por asteroides torna este corpo celeste uma raridade ainda maior. Um problema inesperado com a espaçonave impede que o Astronauta deixe a orbita do Magnetar e o transforma num náufrago espacial.
A partir desta situação limite, Beyruth pega um dos temas recorrentes do personagem, o isolamento, e constrói uma obra-prima. O Astronauta sempre foi um herói solitário em sua missão de desbravar o Cosmos. Por que nesta aventura a solidão pode ameaçar até mesmo sua sanidade? A salvação pode estar nas memórias de infância; a motivação, no sentimento de culpa.
Aí reside o brilhantismo do roteiro: ser solitário por opção é uma coisa; por falta dela é outra bem diferente. Ancorado em vasta pesquisa astronômica, Beyruth constrói uma história que mistura Ciência e Filosofia. Razão e sensibilidade.
O traço reconhecido e premiado de Danilo Beyruth (Necronauta, Bando de Dois) orbita entre o estilizado e o realista. Mas mais que isso, ele detona é na narrativa.
A arte vai do micro – supercloses que aumentam a dramaticidade de certas cenas – ao macro: a página dupla com o salto na imensidão do Universo é de encher os olhos. A solução encontrada para ilustrar a monotonia do náufrago é primorosa. E a colorização de Cris Peter, privilegiando um cor à outra em alguns momentos, dão o tom certo à narrativa.
Astronauta – Magnetar é uma pequena obra-prima. Confere ao personagem uma amplitude até então inimaginável. No pósfácio, Danilo Beyruth agradece Mauricio de Sousa por “emprestar seus brinquedos”. Nós, leitores, também agradecemos.
O livro foi lançado pela Panini. Tem 84 páginas, capa e miolo coloridos e duas opções de preço: R$ 19,90 (capa cartonada) e R$ 29,90 (capa dura). Vale muito o investimento.
Rodolfo Nícolas
Esta HQ já ocupa um lugar especial nas melhores que já li. A arte fantástica foi a mola propulsora para um roteiro que lembrou muito das histórias que lia do Astronauta quando criança: uma missão e um problema para resolver. Um clássico instantâneo. Que venha o Piteco e a Turma da Mônica!
Jota Silvestre
Concordo plenamente.
Rubens
Esse HQ vai ser uma série ?
Jota Silvestre
Não exatamente, mas o número 2 já foi anunciado. Sai no ano que vem.
Abs