O Discurso do Ódio

Livro analisa o ódio nas sociedades modernas

O filósofo francês André Glucksmann é polêmico defensor de um novo olhar sobre as sociedades contemporâneas. Em seu recente livro O Discurso do Ódio, analisa a intolerância, o terrorismo e o fundamentalismo que tomou de assalto a mídia nos últimos anos. Atrocidades cometidas na Chechênia, massacre de aldeias africanas, centenas de mortes diárias no Iraque, queda das Torres Gêmeas. Todos estes episódios foram analisados segundo proposições políticas que não chegam ao centro da questão: o ódio existe em cada um de nós, afirma o autor. Segundo Glucksmann, não há mais o equilíbrio do terror, mantido no passado pelas grandes potências. O ódio fragmentado representa um poder de destruição universal, disponível a todos.

Para o pensador francês passamos da era da Bomba H à era das bombas humanas. O argumento do livro é interessante por mostrar uma nova abordagem para as atrocidades recentes. Em seu estudo dos principais conflitos da atualidade, como a crise palestina e o antiamericanismo, o autor põe em cheque o marxismo utópico e o fundamentalismo religioso. “O ódio julga sem ouvir, condena a seu bel-prazer, é arbitrário e poderoso”, escreve o autor. A questão filosófica do ódio enquanto discurso é antiga, mas sempre encobriu as atrocidades e lhe deu sentido. Para Glucksmann, não existem explicações para o terrorismo que vão além do puro ódio.

O principal valor de O Discurso do Ódio é analisar o terrorismo e principais conflitos da atualidade não apenas na esfera política, mas também, da filosofia. Inaugura dessa forma a questão filosófica número um de nosso século: viver é sobreviver ao ódio. Chamado por parte da imprensa francesa de direitista e novo reacionário, Glucksmann defende ideias polêmicas, como a guerra do Iraque e a invasão americana às áreas de conflito internacionais. É voz ativa no debate político francês onde critica duramente a esquerda ocidental e seus consensos. [Paulo Floro]

O DISCURSO DO ÓDIO
André Glucksmann
[Difel, 272 págs, R$ 39]