O bloco feminista Essa Fada chega ao quarto ano combatendo o sexismo no Carnaval

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Foto: Priscilla Buhr/Divulgação.

O Bloco Essa Fada engrossa o coro feminista no Carnaval recifense e chega ao seu quarto ano com prévia no próximo dia 7 de fevereiro, no Poço da Panela.

A concentração acontece a partir das 17h, na Casa Astral, com as DJs Gabriela Alcântara e Joana Pires (#Deixaelaempaz) e o cortejo embalado pela Orquestra Livre. Formada só por mulheres, a Orquestra Livre é organizada pela percussionista Milla Bigio e parceira da Libre Promo. O projeto reconhece a importância e luta pelo espaço feminino no ramo musical, e as instrumentistas levam a energia do frevo aliada ao empoderamento feminino aos blocos carnavalescos por onde passam.

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A defesa pela liberdade feminina, além da sexual, mas a profunda autonomia de escolhas é o mote do grupo para 2018, que esse ano traz na camisa o lema Pó de Sim, trocadilho (assim como o próprio nome do bloco) para enfatizar que as mulheres podem ser e viver o que quiserem. PODE SIM. Em contraponto, o comportamento machista é combatido com a presença da “Mas Não é Não”, em apoio ao projeto nacional #nãoénão, que vai distribuir no evento tatuagens temporárias para as foliãs.

O grupo ainda endossa a campanha #Aconteceunocarnaval, uma parceria entre a Rede Meu Recife e a organização Mete a Colher que vai reunir denúncias de violência e assédio e propor políticas públicas de enfrentamento. No desfile do bloco serão distribuídas fitinhas (como a do nosso Senhor do Bonfim) com a tag da campanha, para que as mulheres possam usar essa fita e se identificarem como ajudadoras para alguma outra mulher que tenha sofrido assédio. Também durante a noite, o coletivo #deixaelaempaz estará presente, vendendo camisas do projeto.

Como o desfile é gratuito, a renda para os custos do bloco é fruto da venda de camisas (R$30), saias (R$55), e pó de sim (o glitter mágico do bloco, R$10) disponíveis na loja Etiqueta Verde (EV Store), na Rua Conselheiro Portela, no Espinheiro.

Um bloco feminista

O Essa Fada tem como propósito, além de destacar de forma lúdica os preceitos feministas da liberdade de gênero, visibilizar e valorizar expressões artísticas realizadas por mulheres. No final do ano passado o grupo realizou uma prévia com a participação das ex-comadres fulozinhas Karina Buhr, Isaar e Aishá, uma formação de percussionistas que trazia ainda a cantora Andreza Karla, filha de Aurinha do Côco e Nerisvanda Rodrigues, trombonista da Orquestra 100% Mulher. No Carnaval de 2016, o bloco realizou o lançamento mundial da turnê do Ladama Project, projeto femininos com instrumentistas de diversas partes das Américas. O Ladama, da percussionista pernambucana Lara Klaus, inclusive em segunda turnê nos EUA.

Em 2015, um grupo de feministas recifenses lançou o Grêmio Anárquico Feminístico Essa Fada, numa alusão à fantasia da fada, que brinca com o imaginário sexista de uma figura feminina meiga, perfeita, disponível a atender pedidos e realizar expectativas dos outros. “Essa fada”, “és safada”, essa pode ser e fazer o que bem quiser. A ideia do bloco é chamar atenção para a naturalização do comportamento sexual da mulher, não só no Carnaval mas durante todo o ano. Assim como a definição da Marcha das Vadias exalta como a sociedade usa a vida sexual ativa feminina como algo depreciativo, o trocadilho do Essa Fada é uma defesa do direito da mulher à liberdade sexual e à segurança física e emocional, mais vulnerável numa festa como o Carnaval, quando o comportamento machista gera ainda mais excessos. Além da prévia, o grupo desfila na segunda-feira de Carnaval, nas ladeiras de Olinda.