Crítica: Monstress mostra um mundo matriarcal de magia e violência

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Monstress é uma das poucas HQs mainstream americanas aclamadas (em se tratando de séries lançadas pelas grandes majors e não as graphic novels). Complexa, imaginativa e escatológica, o título flerta com com diversos limites dentro do mercado em que atua. Escrita e desenhada pelas artistas Marjorie Liu e Sana Takeda, a história fala de Maika Halfwolf, uma arcânica que foi mutilada pela guerra e que esconde um poder desconhecido.

A dupla criativa se esforça em criar um universo verossímil, mas por vezes o excesso de informação prejudica a narrativa (algumas páginas são modorrentas de ler por conta da verborragia dos balões e recordatórios).

A arte tem um tom barroco que agrada por ser diferente de quase tudo que lemos nos comics hoje em dia. Além disso traz muitos elementos de mangás de fantasia, ilustrações cyberpunks dos anos 1990 de revistas como Heavy Metal.

A protagonista é bem construída e quebra a expectativa de sua carinha simpática: ela é fria, obstinada e pouco afeita a melosidades. O fato de praticamente todo o elenco de personagens ser formado por mulheres é outro ponto a favor aqui. E a presença feminina aqui adquire um aspecto estruturante na trama, pois as autores conseguem tratar do feminismo longe do contexto de conflito de gêneros e outras questões sociais e políticas. Como se passa em um mundo matriarcal, Monstress consegue tocar em outros aspectos, o que desperta debates interessantes. No fundo, a trama, apesar de ganhar o leitor pelo impacto visual, se faz relevante pelo debate que levanta sobre exploração, humanidade, feminismo e os monstros interiores que precisamos derrotar.

A edição brasileira da Pixel é lindíssima, com capa dura e relevo. Torcendo para que essa história de magia e terror – incomum em seu mercado – siga sendo publicada por aqui.

MONSTRESS: DESPERTAR
De Marjorie Liu e Sana Takeda
[Pixel, 196 páginas, R$ 49,90 / 2018]
Tradução de Laura Lannes

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