Crítica: Mark Lanegan | Blues Funeral

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VOZ ROUCA EM FORMA
Mark Lanegan retorna cheio de batidas secas e letras introspectivas

Por Juliana Dias

Quase dez anos separam Blues Funeral de Bubblegum (2004), último álbum solo de Mark Lanegan. Nesse meio tempo, o nome de Lanegan aparece em colaborações e parcerias que compõem um currículo extenso: trabalhos com Isobel Campbell (Belle & Sebastian) e PJ Harvey. Mas o ex-Gunther Twins e ex-Screaming Trees ainda tinha algo a dizer junto à banda, e coloca a voz rouca à mostra Blues Funeral que, como diz o nome, possui toda uma atmosfera sombria.

Parte disso vem da voz de Lanegan, talhada por cigarros, álcool e otras cositas más. A outra fatia vem do trabalho do multi-instrumentista Alain Johannes, que já trabalhou com Chris Cornell, Audioslave e Soundgarden. Ele é o responsável por produzir e mixar o disco. Toca guitarra, baixo e, não satisfeito, ainda faz os backing vocals.

A combinação entre os dois não reinventa nenhum estilo, mas associa vários em um só. Encontramos referências dos anos 1980 e dos anos 1990, especialmente do grunge, raiz de ambos. Para alguns, o álbum é considerado “synthpop”, por usar sintetizadores e, em algumas faixas, possuir semelhança com trabalhos do Kraftwerk. O eletrônico, presente da primeira à última música, equilibra-se às letras introspectivas, muitas vezes angustiantes.

E é essa pegada o maior trunfo do disco, junto à própria voz do Lanegan. Bastante melancólico, o trabalho abre com o single “Gravedigger”. A maioria das faixas que seguem são densas e, de forma geral é um trabalho maduro e experiente, e talvez venha daí seu maior valor. Segundo o próprio Mark Lanegan, ele têm influência dos Bee Gees, Kraftwerk, Joy Division durante toda a sua vida, praticamente um “viajante”. Parte disso está em Blues Funeral.

220px Blues FuneralMARK LANEGAN
Blues Funeral
[4AD, 2012]

Nota: 7.4