Janela de Cinema 2017: Jovem Mulher, de Léonor Serraille, vence como melhor filme

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Jovem Mulher, também premiado em Cannes, foi o vencedor do Janela. (Divulgação).
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Jovem Mulher, também premiado em Cannes, foi o vencedor do Janela. (Divulgação).

O filme franco-belga Jovem Mulher, de Léonor Serraille, foi eleito o vencedor entre os longas. Na categoria de curtas, os prêmios principais foram para o Deus, de Vinícius Silva, e La Bouche, de Camilo Restrepo.

Dirigido e roteirizado pela francesa Léonor Serraille, Jovem Mulher ganhou este ano o prêmio Camera d’Or na Mostra Un Certain Regard do 50º Festival de Cannes. “Pelo conjunto de qualidades de direção, roteiro e atuações; pela economia precisa das imagens com que é contada a jornada de uma mulher que, ao descobrir-se estrangeira em seu próprio país, passa a fortalecer-se com suas perdas e o desapego até encontrar sua autonomia”, justifica o júri, formado pelo crítico e pesquisador Carlos Alberto Mattos, pela diretora Gabriela Amaral Almeida e pela realizadora e professora alemã, radicada na Argentina, Nele Wohlatz.

O longa Que o Verão Nunca Mais Volte (Alemanha/Geórgia), de Alexandre Koberidze, levou na categoria de melhor montagem pelo júri oficial do Janela. O filme do diretor georgiano também foi o grande escolhido pelo Prêmio Júri Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), troféu em sua primeira edição no Janela. O corpo de jurados da Abraccine no festival é formado pela professora e pesquisadora da UFPE Ângela Prysthon, pelo jornalista Breno Pessoa, o crítico do site Adoro Cinema Bruno Carmelo, a pesquisadora e crítica Carol Almeida e do crítico e curador Pedro Azevedo.

“O filme traz uma experimentação narrativa que aposta alto em outras possibilidades de contar uma história. Essa aposta se dá a partir de uma representação das coisas muitas vezes pela ausência delas em cena, tais como o amor entre dois homens que não se tocam, a sensação de uma guerra no extracampo e uma narração que, ironicamente, não está tão convicta do que narra. Trata-se de uma história que nos arrebata tanto por um formalismo rigoroso na precariedade de suas imagens, quanto pela capacidade nos fazer mover para um horizonte de expectativas frustradas e de uma resposta a essa frustração com um senso de humor que beira o desconfortável, o que não deixa de ser o próprio estado das coisas no percurso histórico do Leste Europeu, onde tudo isso se passa”, diz a nota oficial emitida pelo júri da Abraccine sobre Que o Verão Nunca Mais Volte (Alemanha/Geórgia), de Alexandre Koberidze.

Ainda entre os longas, As Boas Maneiras (Brasil/França), de Juliana Rojas e Marco Dutra, foi laureado na categoria de melhor imagem e recebe o Prêmio Mistika de 20 mil reais. O melhor som ficou com A Fábrica de Nada (Portugal), de Pedro Pinho. Para o júri especial Janela Crítica, composto por dez jovens críticos, Era uma vez Brasília (DF), de Adirley Queirós, também foi eleito o melhor longa do festival. O curta La Bouche (França), de Camilo Restrepo, saiu com a premiação de melhor curta internacional pelo júri do Janela Crítica.
Instituído pelo Janela em 2014, em homenagem ao amigo e crítico baiano João Sampaio, falecido em 2014, o Prêmio João Sampaio para Filmes Finíssimos que Celebram a Vida foi concedido nesta edição para o filme 66 kinos (Alemanha), de Philipp Hartmann.

Curtas

Formado pelo crítico de cinema, professor e jornalista Heitor Augusto, pelo professora e curadora Mariana Souto e pela realizadora Milena Times, o júri de curtas nacionais elegeu o filme Deus (RS/SP), de Vinícius Silva, que recebe DCP da Link Digital e 10 mil em serviços de pós produção da O2. “Por navegar com segurança e sensibilidade entre um retrato duro do cotidiano e a construção de afeto e ternura, por meio de um olhar que não hierarquiza ambas as instâncias; pela habilidade de encenar a intimidade (entre mãe e filho, protagonistas negros, algo ainda urgente no cinema brasileiro), pela atenção à geografia de um bairro e de uma casa; por evitar cair tanto num miserabilismo social voyeurista quanto num lúdico esvaziado e domesticado”, diz o comunicado do júri de curtas nacionais do Janela sobre o filme Deus.

Também foram concedidos prêmios, ainda de acordo com o júri de curtas nacionais, para Travessia (Bahia), de Safira Moreira (melhor imagem), que recebe 10 mil em serviços de pós produção da O2; Pele suja, minha carne (RJ), de Bruno Ribeiro (melhor montagem), Nada (MG), de Gabriel Martins (com dois prêmios, melhor som e menção honrosa do júri), e Experimentando o vermelho em dilúvio (RJ), de Michelle Mattiuzzi (menção honrosa Pelo fim da Cordialidade). O curta Experimentando o vermelho em dilúvio foi agraciado, ainda, com o Prêmio Canal Brasil, que recebe 15 mil reais e entra para a grade de programação da emissora.

Na competição internacional de curtas, o júri formado pela diretora Dea Ferraz, pelo realizador e produtor português Miguel Ribeiro (programador do DocLisboa e membro do coletivo artístico Rabbit Hole) e pela diretora e produtora Nathália Tereza premiou o francês La Bouche, de Camilo Restrepo, como o melhor do festival. É a segunda vez seguida que Restrepo ganha o prêmio no Janela. Ano passado, ele havia ganho com Cilaos, e em 2015 levou o prêmio de melhor imagem com o curta La impresión de una Guerra.

Na justificativa sobre La Bouche, o júri menciona: “através de um dispositivo fílmico e sofisticado, o curta faz da performance cinematográfica um ato de reconstrução da subjetividade coletiva e histórica, trabalhando memórias traumáticas de maneira rara”. A melhor imagem foi para “Pussy” (Polônia), de Renata Gasiorowska; o melhor som para “Impossible Figures and Other Stories II” (Polônia), de Marta Pajek; a melhor montagem para “Borderhole” (México/Estados Unidos/Colômbia), de Amber Bemak e Nadia Granados.

Escolhido pelo júri da ABD-PE, Deus (RS/SP), de Vinícius Silva, foi o curta selecionado, e Menção Honrosa para Travessia (BA), de Safira Moreira. O prêmio oferecido pelo, Portomídia, que concede 120h de estúdio para finalização de imagem e/ou som ao melhor filme pernambucano do festival, dentro ou fora de competição, foi este ano para a diretora Amanda Beça e o seu curta O Olho e o Espírito.

Lista completa dos premiados do X Janela Internacional de Cinema do Recife

MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS:
Melhor Longa: “Jovem Mulher” (França/Bélgica), de Léonor Serraille
Melhor Montagem: “Que o Verão Nunca Mais Volte” (Alemanha/Geórgia), de Alexandre Koberidze
Melhor Som: “A Fábrica de Nada” (Portugal), de Pedro Pinho
Melhor Imagem: “As Boas Maneiras” (Brasil/França), de Juliana Rojas e Marco Dutra
Menção Especial: “Baronesa’ (Brasil), de Juliana Antunes

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTA-METRAGEM INTERNACIONAL:

Melhor curta internacional: “La Bouche” (França), de Camilo Restrepo
Melhor Imagem: “Pussy” (Polônia), de Renata Gasiorowska
Melhor Som: “Impossible figures and other stories II” (Polônia), de Marta Pajek
Melhor Montagem: “Borderhole”(México/Estados Unidos/Colômbia), de Amber Bemak e Nadia Granados

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTA-METRAGEM NACIONAL:

Melhor curta nacional: “Deus” (RS/SP), de Vinícius Silva
Melhor imagem: “Travessia” (BA), de Safira Moreira
Melhor montagem: “Pele suja, minha carne” (RJ), de Bruno Ribeiro
Melhor Som: “Nada” (MG), de Gabriel Martins
Menção Honrosa/Especial do Júri: “Nada” (MG), de Gabriel Martins
Menção Honrosa (Pelo fim da Cordialidade): “Experimentando o vermelho em dilúvio” (RJ), de Michelle Mattiuzzi

PRÊMIO JANELA CRÍTICA:

Melhor curta nacional: “Travessia” (BA), de Safira Moreira
Melhor curta internacional: “La Bouche” (França), de Camilo Restrepo
Melhor Longa: “Era uma vez Brasília” (DF), de Adirley Queirós
Menção Honrosa: “Pele suja, minha carne” (RJ), de Bruno Ribeiro

PRÊMIO ABD (Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas de Pernambuco – ABD/PE):
“Deus” (RS/SP), de Vinícius Silva
Menção Honrosa: “Travessia” (BA), de Safira Moreira

PRÊMIO OFERECIDO PELO PORTOMÍDIA (120h de estúdio para finalização de imagem e/ou som concedido para o melhor filme pernambucano do festival):
“O Olho e o Espírito” (PE), de Amanda Beça

PRÊMIO CANAL BRASIL:
“Experimentando o vermelho em dilúvio” (RJ), de Michelle Mattiuzzi

PRÊMIO FEPEC (Federação Pernambucana de Cineclubes)
Melhor Filme para Reflexão: “Deus” (RS/SP), de Vinícius Silva
Menção Honrosa: “Experimentando o vermelho em dilúvio” (RJ), de Michelle Mattiuzzi

PRÊMIO JÚRI ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)
“Que o Verão Nunca Mais Volte” (Alemanha/Geórgia), de Alexandre Koberidze

PRÊMIO JOÃO SAMPAIO PARA FILMES FINÍSSIMOS QUE CELEBRAM A VIDA
“66 Cinemas” (Alemanha), de Philipp Hartmann.