Indie games: Journey e Limbo e o videogame-arte

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Journey: desvendando mistérios no deserto (Divulgação)
Journey: desvendando mistérios no deserto (Divulgação)

Bem distante do apelo comercial e mais próximo da busca de uma experiência estética inovadora, os jogos independentes se firmaram no mercado como um nicho importante para os videogames atuais. Grandes empresas como Sony já percebem a importância desses produtos e investem no crescimento da produção. Dois títulos relativamente recentes são exemplos de sucesso tanto de público quanto crítica: Journey e Limbo.

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Journey, da produtora thatgamecompany, é de uma beleza e sensibilidade pouco vista nos videogames comerciais. Seus traços são elegantes e bastante claros, além de contar com uma paisagem que parece mais grandiosa na medida em que o jogador começa a explorar o lugar. Na trama, um viajante precisa desvendar mistérios escondidos na trama de um deserto. A jogabilidade serve à narrativa, tornando a experiência viciante e inédita até para um jogador veterano.

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Talvez o maior problema é que Journey é relativamente curto, com cerca de duas a duas horas e meia de jogo. O pós-jogo gera um impacto que perdura por algum tempo. O jogo de câmeras, os mistérios que vão aparecendo, muitos detalhes, as descobertas da jogabilidade, a beleza dos cenários, a sensação boa que é deslizar pelas dunas e deslizar pelas ruínas de templo, tudo é cativante em Journey, um jogo obrigatório para quem gosta de ir além do trivial. E também para quem acredita que os videogames podem ser espaços de experimentação artística.

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Criado pela companhia thatgamecompany, a mesma de Fl0w e Flower, custa barato na PS Store, a loja online do PS3, R$ 30. O jogo tornou-se campeão de vendas na PlayStation Network.

Limbo: Cenas macabras e sustos nesse jogo fofo (só que não) (Divulgação)
Limbo: Cenas macabras e sustos nesse jogo fofo (só que não) (Divulgação)

A fofa-tenebrosa história de Limbo
Título de estreia da dinamarquesa Playdead, Limbo foi lançado em 2010 como jogo exclusivo do Xbox Live, plataforma online do console Xbox da Microsoft. Na história, um garotinho anônimo acorda em um mundo escuro e cheio de armadilhas. Ele está nesse ambiente hostil para encontrar sua irmã desaparecida.

O jogador precisa desvendar quebra-cabeças para passar de fase. Cada desafio é incrivelmente assustador, ocasionando mortes horríveis para o menino em caso de falha. A mecânica do jogo é incrivelmente simples, com poucas possibilidades (além de pular e agarrar, o que mais uma criança poderia fazer?). Todo em preto e branco e sem diálogos, a experiência estética de Limbo também é estonteante como Journey. Esse cenário sombrio levantou comparações com o cinema noir e até o expressionismo alemão do início do século passado.

Estética remete ao expressionismo alemão (Divulgação)
Estética remete ao expressionismo alemão (Divulgação)

O final é um tanto anticlimático, mas as primeiras horas de jogo trazem bons sustos e trazem originalidade na condução da narrativa. Limbo fez bastante sucesso de crítica, vencendo prêmios importantes como o Annie Awards e o BAFTA Video Game Awards. Depois da Xbox, chegou na PS3 e outras plataformas como iOS e PC. O preço fica sempre em torno de R$ 30.

Journey e Limbo mostram que videogames podem ter alguma ousadia artística sem deixar de lado a diversão e boa jogabilidade. Grandes empresas vem dando atenção a esse nicho. A Sony criou a categoria “jogos independentes” em sua loja virtual este ano. Já a Microsoft promete colocar mais visibilidade em games feitos por desenvolvedores indies em seu novo console o Xbox One. O aparelho inclusive virá com um kit de desenvolvedor gratuito para quem todo jogador possa criar um jogo caso queira.