Guillemots | Red

Guillemots (Foto: Divulgação)

LIÇÃO DE CASA MAL FEITA
Com integrantes dos quatro cantos do mundo, banda ensina como se tornar completamente sem graça e decadente em segundo disco
Por Mariana Mandelli

GUILLEMOTS
Red
[Polydor, 2008]

red 2008Quem se apaixonou de cara pela sinfonia pop do Guillemots com o álbum Through the Windowpane (2006) vai estranhar – e provavelmente detestar – o segundo disco da banda, Red. O susto vem logo na primeira faixa, “Kriss Kross”: pesada, tensa e épica demais. O exagero continua com as eletrônicas “Big Dog” e “Get Over It”, tentativas (frustradas) de new rave.

Já “Clarion”, “Last Kiss” e “Cockateels” são chatices cheias de sintetizadores e que não lembram em nada a catarse onírica, o frescor pop e a melancolia luminosa de faixas como “Made- Up Lovesong #43” e “Redwings” do primeiro disco.

A simplória “Falling Out of Reach” é uma bonita balada acústica que soa como um resquício da originalidade do debut. O mesmo acontece com a lírica “Words”, “Standing On the Last Star” (apesar do falsete), “Don’t Look Down” e a sonolenta “Take me Home”, que fazem da segunda metade do disco algo mais agradável de se ouvir – o que faz doer ainda mais a saudade do velho Guillemots, aquele de faixas marcantes e grandiosas, cheias de emoção e tons lúdicos.

Todo mundo sabe que mudar é bom, já que fazer um segundo disco como se fosse um lado B do anterior não demonstra criatividade e sim sede para manter o sucesso. Contudo, o Guillemots errou a mão e fez um álbum quase insignificante. O excesso de produção (impecável, é preciso dizer) matou o ecletismo e a multiplicidade de referências da banda, provenientes da variedade de nacionalidades dos membros – Fyfe Dangerfield (vocal, guitarra e teclado) é inglês; MC Lord Magrão (guitarra e baixo) é brasileiro; Aristazabal Hawkes (contrabaixo e percussão) é canadense; e Greig Stewart (bateria e percussão) é escocês. Os tributos ao Brasil (“Trains To Brazil” e “São Paulo”, faixas do debut e amostras da influência de Magrão) também ficaram de fora dessa vez.

Como pode uma banda chegar tão decadente ao seu segundo disco? O Guillemots ensina como. Depois de uma audição de Red, a impressão que fica é que a chance do grupo de se firmar de vez no cenário pop foi desperdiçada. Uma grande decepção.

NOTA: 4,0