Gemini – O Diário da Residência, Dia 1 – Chegando em Nantes

Diario Rogi 3

A partir de hoje, a Revista O Grito! publica o Diário da Residência Artística que deu origem à HQ Gemini, uma parceria nossa com o Consulado Geral da França para o Nordeste em Recife/Institut Français. Assinada por Rogi Silva e Clémence Bourdaud, o quadrinho digital celebra a relação do Brasil e França e também o 14 de Julho, data nacional francesa.

A obra traz elementos inovadores de animação e interatividade em uma narrativa que explora o melhor da linguagem dos quadrinhos e da tecnologia. A ideia desse Diário é contar mais dos bastidores de uma residência artística e também compartilhar informações sobre processos criativos e de produção, o que pode ser útil para estudantes e artistas iniciantes.

Chegando em Nantes…
Por Rogi Silva

Quando recebi a proposta de vir a essa residência, esperava ter espaço para criação e meu jeito de contar histórias. Conhecia a Revolução, nomes como Robespierre, Danton, Marat… sempre foi um assunto que me interessou bastante. Sou pedagogo e alguns autores como Voltarie e Rousseau que deram um empurrãozinho no pensamento revolucionário dos franceses alguns anos antes, sempre estiveram presente em debates na época da faculdade.

Fiquei bastante ansioso porque nunca tinha pegado tanto tempo de avião e, de longe, esse é meu maior medo ainda rsrrs.  mas estava muito ansioso pra conhecer um país que foi berço de tantos acontecimentos políticos e artísticos que inspiraram o mundo. Foi a minha primeira vez fora do Brasil.

Fiquei animado e ansioso com a comunicação com os franceses, pois estava sozinho lá. Sem ninguém pra traduzir minha fala. E sempre ouvia aqui no Brasil que eles não gostavam de falar inglês.Diario Rogi 9

No final foi tudo bem, eles, de fato não gostam de falar em inglês, mas falam quando necessário e foram muito atenciosos comigo o tempo inteiro.

As duas cidades possuem muitas semelhanças. Recife e Nantes compartilham esteticamente os rios e as pontes, se parecem também na atmosfera meio “outsider” que ambas possuem. Mas acho que no Recife poderia ter mais livrarias, pois encontrei muitas em Nantes.

Assim que fui convidado para o projeto, já comecei a matutar algumas ideias. Tinha visto muitos filmes que envolvia sala de espelhos e dança. Essas imagens ficaram na minha cabeça e foram se mesclando com o tema do 14 de Julho. Quando peguei o avião já fui esboçando e anotando ideias. Quando cheguei lá já tinha anotado o argumento e o desenho da personagem.

Mostrei tudo para Clémence, que adorou e sugeriu algumas alterações. Ela enxugou mais as cenas para ficar possível dentro do prazo que tínhamos.

… Do Recife
Por Clémence Bourdaud

Eu tinha medo que eu e o Roger não conseguíssemos nos entender bem. Mas o processo criativo neste início foi bom. Mais do que tudo, foi o Roger que teve a ideia.

Ele chegou em Nantes com uma história e até mesmo alguns esboços. O projeto dele para a história foi muito interessante. Eu acho que era uma história que ele já tinha imaginado há um tempo. Do meu lado, eu tinha ideias de universos, de personagens…

Os primeiros dias de trabalho foram muito bons. A relação entre nós foi muito boa e eu acho que conseguimos nos entender bem. Eu não conhecia o trabalho do Roger e eu fiquei impressionada com seu grafismo. Ele é muito talentoso.