Exposição Morro de Fé, do fotógrafo Beto Figueirôa, virou livro

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Beto Figueirôa, das paredes para o livro. (Foto: Beto Figueirôa/Divulgação).
Beto Figueirôa, das paredes para o livro. (Foto: Beto Figueirôa/Divulgação).

Um ano depois de ter ocupado muros, fachadas e telhados de casas da comunidade do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, a exposição e intervenção urbana​ Morro de Fé, do fotógrafo Beto Figueiroa, virou livro. O lançamento será nesta quinta (26), às 19h, no Conselho de Moradores do Morro da Conceição. A noite de autógrafos é aberta ao público, e o livro será vendido por apenas R$ 20.

Editado para ser uma espécie de continuação viva da mostra, um registro perene de uma intervenção efêmera, o livro Morro de Fé traz uma seleção mais ampla com um acervo de 50 fotografias coloridas e em preto e branco, duas dezenas a mais que a apresentada na exposição ao ar livre. Em versão bilíngue (inglês e português), o livro também é entremeado por textos do jornalista Bruno Albertim. Nesta primeira tiragem, foram impressos 1 mil exemplares.

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“Das cerca de 8 mil imagens, fizemos uma pré-seleção em que separamos mil e depois 50 imagens, até chegar àquelas que iriam para a rua. Agora, o público terá a chance de ver ​essa seleção que não foi para a mostra”, disse por e-mail Beto Figueiroa, que produziu as imagens ao longo de 14 anos trabalhando junto à festa. A curadoria de “Morro de Fé” é assinada pelo fotógrafo Mateus Sá. A produção ​do projeto é da Trago Boa Notícia e Jaraguá Produções.

Além de fotografias inéditas, incluindo, no final do livro, um recorte especial dedicado ao pescador Amaury, lendário pagador de promessas que decidiu subir o asfalto “a nado” por anos consecutivos, a edição sairá com o encarte gratuito “O Morro para o Morro”, ilustrado com fotos da exposição ano passado, também pelo olhar de Beto, e com texto do jornalista Jorge Cavalcanti. “Acompanhei a montagem delas. Foram cinco dias. Não raro, pessoas, se aproximavam para puxar conversa, curiosas, encantadas pelo tamanho e beleza das fotos. Muitas delas perguntaram como faziam para ter uma daquelas em seu muro, na sua laje”, diz o trecho do texto, escrito por Jorge.

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Longe de trazer um perfil meramente religioso, o trabalho explora as figuras humanas que frequentam a festa, numa analogia entre a fé e o profano. São romeiros, pedintes, bêbados, pagadores de promessas, vendedores ambulantes, prostitutas. A maior romaria urbana do Nordeste, pelas lentes de Beto, representa as misturas sociais e misticismos de um povo genuinamente brasileiro.

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Foto: Beto Figueirôa/Divulgação.
Foto: Beto Figueirôa/Divulgação.

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