Entrevista Caeto

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Depois de contar histórias de dureza e superação, Caeto já prepara nova HQ sobre sua vida

Da Revista O Grito!, no Recife

É difícil não criar empatia com Caeto, auto e personagem de Memória de Elefante, livro que chega às livrarias pelo selo Quadrinhos na Cia. Artista plástico, fanzineiro e membro de uma banda de hard-core independente, ele deixou explícito as durezas pelas quais passou em um relato autobiográfico que começa na infância. “Levei três anos para concluir o livro e já penso em outra obra autobiográfica”, revela o autor por telefone à Revista O Grito!.

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“Já tenho o roteiro pronto, algumas histórias, mas ainda não está completo”, adianta. Essa é sua estreia no mercado de quadrinhos, depois de lançar os fanzines Sociedade Radioativa e Glamour Perdido. As comparações com outros artistas que abriram a vida ao público não demoraram a chegar. “Gosto quando falam que pareço com o [quadrinista francês] David B.. ou Marjani Satrapi. Todos eles contam histórias de pessoas que passaram situações difíceis”.

Falando em David B., Caeto assume que se inspirou no francês para fazer algumas viagens mais surreais em sua obra, mas diz que são pontuais. “Quis trazer esses pequenos detalhes em alguns momentos do livro”. Diversos amigos, muitos deles quadrinistas como Rafael Coutinho, um dos autores de Cachalote estão presentes. E claro, seus familiares, que aparecem com todas as imperfeições de qualquer família.

Filho de pais separados, Caeto teve de lidar com o pai que sofria de aids e que tinha um temperamento difícil. A forma como ele trabalha essas memórias no papel é livre de condescendências. “Minha mãe ficou meio chateada depois de ler o livro, mas agora torce para que ele venda bem”, conta. Sobre outros membros da família prefere não comentar. Na HQ ele reclama que o pai poderia ter dado mais atenção enquanto se preocupava com seus livros, CDs e filmes.

Memória de Elefante usa memória como matéria prima e chega ao final com um episódio inventado que dá sentido à trajetória de Caeto, depois de tantas agruras. Na verdade, talvez tenha algo a dizer a qualquer um de nós. [Paulo Floro]

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