Emicida canta Clementina de Jesus em novo projeto

Emicida por Jose de Holanda 1w
Foto: José de Holanda/Divulgação.

Após mergulhar no universo de Cartola, Emicida começa 2018 com um projeto em homenagem à Clementina de Jesus, no show Obrigado, Clementina”, com direção musical da dupla Os Prettos.

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O batuque, o tipo de samba, a personalidade vocal, o timbre único, a ideologia política, artística e os cantos religiosos da artista, tudo isso serviu de inspiração para a realização do espetáculo, idealizado por Emicida. “O partido-alto é o freestyle tupiniquim. Esse repente do Sudeste curiosamente traz em suas primeiras três letras o gênero pelo qual entrei na música brasileira. O rap, através de sua cultura de samplers, sempre buscou fazer reverências a suas referências, homenagear quem veio antes e abriu caminho para que hoje estejamos aqui”, conta ele. “São músicas de favela, com origem em lugares idênticos, e é impossível que qualquer gênero musical exista dentro do Brasil sem sofrer a influência cultural deste imenso gigante que é a criatividade brasileira”.

Assim como celebrar Clementina, também era um desejo antigo aprofundar a relação musical com a dupla de sambistas Prettos, formada pelos irmãos Magnu Sousá e Maurilio de Oliveira, referência na música brasileira com projetos como o Samba da Vela e o grupo Quinteto em Branco e Preto. “Há muito tempo quero trabalhar com os Prettos. Como amamos o repertório da Clementina, quis convidá-los para fazerem parte desse momento, pois sei que a experiência deles vai engrandecer o projeto”, diz Emicida.

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Clementina de Jesus: “o partido-alto é o freestyle tupiniquim”. (Divulgação).

Obrigado, Clementina é, mais que uma homenagem, uma maneira de trazer à tona a versatilidade da artista, desmistificando a ideia de que ela foi apenas uma “cantadora” de cunho religioso e cantigas de trabalho escravo. Entre os nomes que ela gravou estão personalidades do quilate de João Bosco, Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Zé Keti, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Anescarzinho do Salgueiro, Candeia, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Cartola e Herminio Bello de Carvalho, seu descobridor, sem contar as inúmeras participações com Geraldo Filme, Adoniran Barbosa, Roberto Ribeiro, Carlos Cachaça, Tia Doca da Portela, Clara Nunes, Aniceto do Império e Pixinguinha, entre outros.

Pela primeira vez Emicida vai se apresentar sem um DJ. O rapper e os Prettos Maurílio (cavaco e voz) e Magno (pandeiro e voz) serão acompanhados por Carlos Café (percussão), Edy Trombone (trombone), Douglas Alonso (bateria) e Gabriel Borges (violão 7 cordas). No set list, a homenagem a Clementina faz imersões no repertório de Emicida, unindo o freestyle ao partido-alto.