Dez filmes imperdíveis do Janela Internacional de Cinema do Recife 2013

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Cena de Au Revoir, de Milena Times (Divulgação)
Cena do longa Metrópolis, que encerra o Janela (Divulgação)
Cena do longa Metrópolis, que encerra o Janela (Divulgação)

Pela Equipe da Revista O Grito!

Com seus mais de 120 filmes, o Janela Internacional de Cinema do Recife, que começa esta sexta (11) e vai até o dia 20 de outubro, traz uma maratona de bons filmes e uma certeza: vai ser impossível ver tudo. Com exibições no Cine São Luiz, no Centro do Recife e no Cinema da Fundação, no Derby, o evento promete filas e sessões lotadas.

Segundo o organizador e curador Kleber Mendonça Filho, o Janela atingiu seu ápice e não tem mais para onde crescer. “O São Luiz e Fundação já estão no seu limite de espaço para nossa programação. No ano que vem precisaremos encontrar novos espaços”, disse durante coletiva de imprensa. Esta edição também marca a estreia da mostra competitiva de longas-metragens, o que trouxe ao Janela filmes cercados de buzz, como Tatuagem, de Hilton Lacerda, Um Estranho no Lago, que passou em Cannes 2013 e O Ato de Matar, documentário explosivo e bastante elogiado quando passou por festivais ano passado.

A Revista O Grito! selecionou dez filmes e programas imperdíveis desta edição. Claro que existe graça também na descoberta – como todo festival – mas o guia abaixo serve como um norte para o cinéfilo.

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CACHAÇA CINEMA CLUBE, com Glauber Richa e outros

O cineclube carioca faz mais uma vez parceria com o Janela, desta vez com o tema “Ocupe”, bem alinhado com esses dias. Por isso, os filmes escolhidos são políticos e bem reflexivos para tempos de black bloc e confrontos. Um dos curtas conta a história do hino e da bandeira nacional, mas nenhum chama mais atenção de Maranhão 66, curta bem raro de Glauber Rocha que conta história do Estado título, um dos mais miseráveis do País. [Quinta, 17, 22h, São Luiz]

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O HOMEM DAS MULTIDÕES, de Cao Guimarães e Marcelo Gomes

O longa foi bastante elogiado no Festival do Rio e vem sendo considerado o melhor casamento do audiovisual pernambucano e mineiro. Inspirado em conto de Edgar Allan Poe, O Homem das Multidões experimenta na linguagem, colocando uma janela quadrada 3×3 e diversos filtros, uma coisa meio Instagram. Tudo isso com uma narrativa que instiga o espectador, sobre um maquinista que vive em extrema solidão. [Sábado, 19, 20h, São Luiz]

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METALHEAD, de Ragnar Bragason

Fãs do METAAL irão adorar Metalhead. O pano de fundo do filme é a efervescência do gênero nos anos 1970. Nesse ano, o Black Sabbath lançou seu primeiro álbum e a pequena Hera Karlsdottir nasceu no chão de um estábulo na zona rural da Islândia. O diretor Ragnar Bragason conseguiu usar o rock metal não só como pano de fundo, mas como parte essencial de sua narrativa. Depois da morte do seu irmão, Hera usa a música para superar o luto e decide ser uma estrela do rock. Esta é a primeira exibição do longa no Brasil. [Segunda, 19, 19h, São Luiz / Quarta, 16, 19h30, Cinema da Fundação]

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CINEMA DE DESBUNDE, vários autores

A ideia dessa série de curtas é exibir filmes em super-8 feitos de maneira febril, sem intervenção de montagem ou correção. Com curadoria de Marcelo Caetano, Hilton Lacerda (diretor de Tatuagem) e Fabio Allon, o projeto retoma a estética mais experimental e até psicodélica de trabalhos em super-8 dos anos 1970. Esse programa do Janela tem classificação de 18 anos, ou seja… [Sábado, 12, 21h40, São Luiz / Sábado, 19, 21h30, Cinema da Fundação]

http://www.youtube.com/watch?v=ZSExdX0tds4

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METRÓPOLIS, de Fritz Lang

Metrópolis, feito em 1927 pelo alemão Fritz Lang, é um daqueles filmes que todo mundo já ouviu falar, mas poucos viram. A mais cara produção do expressionismo alemão, o longa mostra um futuro distópico com uma estética e direção que ainda hoje surpreende. Essa cópia que vem ao Janela está restaurada e ainda conta com 30 minutos adicionais encontrados na Argentina em 2008 e adicionados a essa metragem. A exibição terá concerto ao vivo do trio argentino Mudos por el Celulóide, conhecidos por misturarem cinema e música. [Domingo, 20, 19h, São Luiz]

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AMOR, PLÁSTICO E BARULHO, de Renata Pinheiro

O longa pernambucano de Renata Pinheiro (Estradeiros) chega ao Recife depois de ser ovacionado no Festival de Brasília, onde saiu com prêmios de Melhor Atriz (Maeve Jinkings), Melhor Atriz Coadjuvante (Nash Laila) e Direção de Arte (Dani Vilela). Com trilha de DJ Dolores, o filme está fora de competição no Janela. Conta a história de uma jovem que sonha em se tornar cantora famosa de brega. [Sexta, 18, 20h, São Luiz]

estranho no lago

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UM ESTRANHO NO LAGO, de Alain Guiraude

Um Estranho No Lago foi a grande surpresa do último Festival de Cannes. Mostra encontros sexuais entre homens desconhecidos em um lago isolado na França. É nesse lugar de pegação gay que Franck se apaixona por Michel, um homem bonito, charmoso, mas muito perigoso. O diretor Guiraude conseguiu fazer um filme muito bonito – esteticamente famoso – mas também tenso e cheio de suspense. [Quarta, 16, 19h30, São Luiz / Quinta, 17, 21h30, Cinema da Fundação]

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O ÚLTIMO IMPERADOR 3D, de Bernardo Bertolucci

Vencedor do Oscar de 1988 de melhor roteiro adaptado (Bertolucci dividiu o prêmio com Mark Peploe, que vem ao Recife). O longa conta a história de uma criança, aprisionada desde cedo por um sistema que o tratava como Imperador, mas que o utilizava apenas para manter uma tradição política e social cercada de luxo e opulência. Essa cópia em 3D, dizem seus produtores, tornou esse filme ainda mais grandioso. Vale apostar nessa experiência. [Sábado, 12, 15h30, Cinema da Fundação / Domingo, 20, 15h30, Cinema da Fundação]

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O ATO DE MATAR, de Joshua Oppenheimer

Poucos filmes foram tão explosivos em 2012 quanto O Ato de Matar, documentário de Joshua Oppenheimer sobre esquadrões da morte que atuaram na Indonésia nos anos 1960. Ele conseguiu convencer antigos líderes dessa época a reconstituir essas matanças utilizando diversos gêneros cinematográficos, incluindo musicais extravagantes. O longa gerou imagens impressionantes que perturbam por atiçar a imaginação do espectador. [Sábado, 12, 16h30, São Luiz / Segunda, 14, 15h30, Cinema da Fundação]

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TATUAGEM, de Hilton Lacerda

Tatuagem é o filme pernambucano mais comentado dos últimos tempos e faz sua grande estreia no Recife depois de vencer o Festival de Gramado e ser elogiado no Festival de Brasília. Estreia na direção do roteirista Hilton Lacerda (Baixio das Bestas, Febre do Rato), o filme traz uma história de amor entre Clécio (Irandhir Santos), um carismático líder de uma trupe do Recife e um jovem. O pano de fundo é a efervescência cultural e política do final dos anos 1970. A inspiração para a história veio do coletivo Vivencial Diversiones, que atuou no Recife e Olinda nos anos 1970 e peitou a Ditadura Militar com sua provocação estética e temas tabus. Não será difícil encontrar nomes importantes daquela época na cena cultural do Recife, como Jomard Muniz de Brito. O longa abre o Janela no Cine São Luiz, mas ganha uma reprise no Cinema da Fundação, com direito a debate mediado pela professora da UFPE Ângela Pryston e a participação de Alexandre Figueirôa, editor da Revista O Grito! e Benedito Meldrado. [Sexta, 11, 21h30, São Luiz / Terça, 15, 18h, Cinema da Fundação]

Cena de Au Revoir, de Milena Times (Divulgação)
Cena de Au Revoir, de Milena Times (Divulgação)

Plus
DÊ CHANCE AOS CURTAS

Em seus diversos programas, a seleção de curtas do Janela este ano traz boas surpresas. É tempo de ver novos diretores pernambucanos, como Milena Times, autora de Au Revoir, vencedor de dois prêmios em Brasília e Júlio Cavani (Deixem Diana Em Paz). Mais nomes que valem a pena conferir: Aly Muritiba, Rafael Spíndola e Marcelo Pedroso. De fora tem curtas da Espanha, Alemanha, Portugal, Estados Unidos, França, Canadá e Inglaterra. Com mais de mil inscritos, foram selecionados 21 curtas brasileiros e 19 estrangeiros, um crescimento de 20% em relação ao ano passado. Cada sessão de programas de curtas custa R$ 1. Veja a programação completa.