Crítica: Roly Poly é puro impacto visual, mas falta substância

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Uma jornada psicodélica misturado com referências do k-pop, mangá, manwha, videogames e arquitetura de redes sociais, assim é o motor criativo de Roly Poly – A História de Phanta, HQ de Daniel Semanas que saiu de forma simultânea nos EUA (pela Fantagraphics) e Brasil (pela Mino). A garota do título vive em uma cidade da Coreia do Sul do futuro onde nutre uma relação de competição com seu irmão. Em busca de se tornar uma estrela na internet ela parte em busca de uma missão que parece impossível, que é obter “estrelas do desejo”.

Visualmente estonteante, a HQ nos faz parar para analisar a arte de Semanas em cada detalhe, os panos de fundo, as letras, as cores que parecem ter vida, as impressionantes cenas de ação e uma narrativa acelerada que chega a dar tontura. Mas se há uma história aqui, ela tem pouquíssima substância. O livro tem um projeto gráfico bastante sofisticado e pensado nos mínimos detalhes, mas carece de motivação, trama e bons personagens.

Phanta, a protagonista, é uma jovem de atitude “bad girl” que repete trejeitos como se saísse da mesma fôrma que cozinhou inúmeras heroínas de games. Além disso, o modo como ela aparece na HQ é por vezes bastante objetificado.

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Semanas utiliza a arquitetura das redes sociais como forma de contar a história e, com isso, parece tentar fazer algum tipo de comentário sobre nossa relação online, mas isso acaba sendo pouco explorado e não avança além do mero recurso visual. Também é algo desconfortável a apropriação da cultura coreana com suas referências embaladas em tom neon.

Roly Poly é uma primor de ilustração, design gráfico, letras e cores, mas não se sustenta no que se propôs como trabalho artístico.

ROLY POLY – A HISTÓRIA DE PHANTA
[Mino, 144 páginas, R$ 59,90 / 2018]
Tradução de Dandara Palankof
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