Crítica: Red Hot Chili Peppers | I’m With You

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INÉDITA COM CARA DE MELHORES MOMENTOS
Novo trabalho do RHCP mostra o que eles aprenderam a fazer de melhor

Por Lidiana de Moraes

São poucas as bandas que conseguem manter uma carreira longa, com uma base de fãs fidelíssimos que criaram uma relação íntima com a identidade musical do grupo – apesar de que para alguns críticos essa “tal identidade” seja, na verdade, uma piada que esconde uma grande falta de capacidade criativa. Entre os que podem ser colocados nessa categoria está o Red Hot Chili Peppers.

Com uma carreira cheia de altos baixos (mudanças na formação, problemas com drogas, desavenças entre integrantes, hiatos em busca de revelação espiritual, e a lista não para por aqui…), mas sempre dando a volta por cima, até quando quem que não gosta da banda estava pronto para declarar a morte do quarteto, o Red Hot Chili Peppers mostra com o novo disco I’m With You, que os 28 anos de trajetória podem não ter sido perfeitos, mas trouxeram grandes lições.
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É certo é que eles continuam familiares aos nossos ouvidos. É ouvir a voz de Anthony Kiedis ou as linhas de baixo de Flea e você sabe que o Red Hot Chili Peppers está em ação. Por isso, apesar de se tratar de um álbum de inéditas, I’m With You tem um certo ar nostálgico. A sensação de “eu já ouvi” isso antes permeia cada uma das faixas, não de uma forma depreciativa, pelo contrário. A impressão que fica é que cada uma das faixas é uma singela homenagem a uma das fases da carreira dos californianos.

Começando por “Monarchy of Roses”, há uma viagem no tempo até 1995, através dos rastros que “One Hot Minute” deixou no DNA dos músicos. Algumas pessoas gostariam que esse disco com Dave Navarro nem tivesse existido, mas, dezesseis anos depois, dá pra perceber que se os riffs de guitarra, aliados a um lado mais soturno da banda, tivessem sido mais bem utilizados, como no caso deste disco novo, poderia haver mais uma obra prima na história da música dos anos 1990.

“Factory of Faith” e “The Adventures of Rain Dance Maggie” (com o seu baixo que lembra uma versão amenizada da melodia grudenta de Seven Nation Army), serviriam de lado B para Blood Sugar Sex Magic (1991) já que são as melhores de I’m With You, junto com a irresistível “Did I let you know” (que estaria em Stadium Arcadium (2006), se este tivesse sido um bom disco na tentativa de ser alegre). “Brendan Death’s song” é outro bom momento, semelhante àqueles presentes em Californication (1999).

Talvez um dos poucos descontentamentos que se possa ter quanto a I’m With You está ao perceber que os rapazes que tocavam pelados com meias nas partes íntimas, ou vestidos de lâmpadas, foram deixados para trás. Mostram agora a faceta crescida, que já se fazia presente no ótimo By The Way (2002). Agora, de uma vez por todas, estamos falando de homens maduros… ou melhor, músicos maduros. Mas, por mais que o público do RHCP tenha amadurecido, não dá para não sentir uma pontinha de saudade daquele jeito inconseqüente de Anthony, Flea e Chad enquanto cantavam “Give it away”.

E sempre existirão aqueles que se ressentem da falta de John Frusciante. Enquanto o Red Hot Chili Peppers continuar fazendo música pelo mero prazer de poder tocar, sempre pode se esperar alguma coisa interessante, uma vez que eles já provaram que são mestres em surpreender mesmo quando não se espera grande coisa deles.

220px RHCP Im With You CoverRED HOT CHILI PEPPERS
I’m With You
[Warner Bros., 2011]

NOTA: 7,5

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Lidiana de Moraes é jornalista e colabora com a Revista O Grito! com matérias e críticas musicais. É editora do Receituário Pop.