Crítica: Oblivion, de Joseph Kosinski

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Fotos: Divulgação/Universal
Fotos: Divulgação/Universal

Oblivion faz remix de ficção-científica com resultado raso

A ficção-científica que envelhece bem é aquela que, mesmo após anos de lançada, ainda nos perturba com sua ideia de mundo e o que imaginou para nós, humanos. Foi assim (e ainda é) com Aliens, Blade Runner, 2001 – Uma Odisseia no Espaço, e mais recentemente, Lunar, de Duncan Jones. O novo Oblivion, que estreia nesta sexta (12) em todo o Brasil, é uma produção perecível por não defender bem suas ideias conceituais sobre o fim da humanidade no ano de 2077. Pior ainda é ser um remix de tantas outras produções do gênero, o que tira o impacto da exibição.

Dirigido por Joseph Kosinski, autor do álbum em quadrinhos da qual o filme foi adaptado, Oblivion começa bem interessante, alternando um tour conceitual pelo cenário com uma narrativa de supense. Estamos em 2077. A Terra enfrentou uma guerra contra invasores alienígenas, venceu, mas agora todo o planeta está devastado e com enormes áreas radioativas. Nesse embate, a lua foi destruída, o que causou devastações naturais, como tsunamis.

Tudo o que sobrou do planeta vive hoje em uma colônia em Titã, uma lua de Saturno. O comandante Jack Harper (Tom Cruise) vive na Terra devastada com Vika (Andrea Riseborough), e juntos, são responsáveis por fazer a manutenção dos equipamentos de segurança. Faltando duas semanas para irem embora, Jack encontra uma espaçonave com uma mulher dentro. Essa sobrevivente, interpretada por Olga Kurylenko, vai mudar todos os planos do casal.

Depois dessa descoberta, o longa desbanca para uma narrativa carregada de obviedade e com muitas concessões ao cinema de aventura. Sem tensão, já antecipamos qual será o final do herói e daquele mundo. Falando em herói, Tom Cruise está interpretando mais uma arquétipo pré-construído que ele deve ter guardado em casa para estrelar suas produções. Seu personagem, como já vimos diversas outras vezes, é desprovido de densidade. Mas, o carisma segue intacto, e talvez isso salve o filme do tédio.

oblivion

Oblivion deixa claro suas “homenagens” a tantas outras produções do gênero ficção-científica, mas falha por não gerar nada de criativo nesse remix de ideias. Esteticamente, ao menos, temos um filme interessante em alguns momentos. Exemplo disso é a personagem interpretada por Mellisa Leo. Dizer mais entregaria spoilers, mas é bom ver o tratamento que ela deu ao personagem. Se serve como comparação, ela ficou no mesmo nível de Kevin Spacey, em Lunar (ou quase). Os saqueadores, seres que vivem à espreita nesse mundo devastado, tem um quê de Predador misturado com Moebius, mas vale a pena por causa de Morgan Freeman.

Oblivion teria muito a explorar. E mesmo se aprofundar no que já foi dito, a exemplo das colônias humanas imaginadas por Ray Bradbury. Ou em invasões alienígenas. Ao menos, ele antecipa uma tensão dos dias de hoje que é a ameaça nuclear. Mas, até mesmo isso é muito raso na trama.

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De Joseph Kosinski
[Oblivion, EUA, 2013 / Universal Pictures]
Com: Tom Cruise, Melissa Leo, Morgan Freeman, Olga Kurylenko

Nota: 6,0

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