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Lirinha deixa o folclórico e torna-se universal no disco solo

José Paes de Lira ganha o mundo. Lirinha, para os que acompanharam vida e morte do Cordel do Fogo Encantado

Lirinha deixa o folclórico e torna-se universal no disco solo
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Lirinha
Lira
Independente, 2011

José Paes de Lira ganha o mundo. Lirinha, para os que acompanharam vida e morte do Cordel do Fogo Encantado. Nos idos de setembro do ano passado, com o lançamento de seu primeiro trabalho solo Lira, o músico se soltou das amarras do folclórico e foi ser universal.

A voz, sotaque e poesia marcantes continuam lá. A grande diferença está no adorno das letras, as melodias mais elaboradas, variadas e corajosas que nos tempos de Cordel (apesar da sonoridade da banda dar as caras em faixas como “Sistema Lacrimal” e “Sidarta”). O CD é um grande mosaico.

Das combinações piano/guitarra de “Ah Se Não Fosse o Amor” e “Ducontra”, passando pela marchinha triste (cara de quarta-feira de cinzas) de “Noite Fria”, até a tecnobrega acelerada de “Memória”, nada é óbvio.

Os grandes destaques ficam com as inclassificáveis “Adebayor”, que é pura psicodelia e traz uma das últimas participações de Lula Côrtes, morto ano passado; “Ela Vai Dançar”, uma espécie de “Dancing Queen” eletrônica torta (acreditem); e “Valete”, linda letra interpretada por Otto e Ângela Rorô.

Lira dá um passo à frente na carreira de Lirinha à medida que chama o público não mais para gritar cânticos nas batucadas, mas para desafiar os ouvidos de quem ainda não entendeu que música não é feita de latitude e longitude.

Foto: Caroline Bittencourt