Crítica – HQ: O retorno de Lucky Luke ao Brasil

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Foto: Divulgação.
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O Velho Oeste absurdo e apaixonado de Lucky Luke
Editora Zarabatana vai publicar no Brasil coleção gigante com toda a produção do cowboy mais rápido que a própria sombra

Por Paulo Floro

O cowboy mais famoso dos quadrinhos passou tempo demais afastado das livrarias brasileiras. Lucky Luke, criado por Morris e René Goscinny retorna ao país em um esforço editorial louvável da Zarabatana, que planeja publicar todas as aventuras do herói em álbuns com histórias integrais e capas originais. A coleção começa pelo volume 4, com histórias publicadas originalmente entre 1956 e 1957.

É notória a “reverência” editorial ao material por parte da Zarabatana. O livro traz detalhes sobre a ordem cronológica das HQs e impressão em off-set, que destacou a arte de Morris e a colorização da série. As quatro histórias desse volume são “Alerta aos Pés-Azuis” (1956/57), “Lucky Luke contra Joss Jamon” (1957) e “Os Primos Dalton” (1957). As duas últimas trazem roteiro de Goscinny. Serão 24 volumes, sendo dois por ano, uma empreitada que vai abarcar toda a produção com o personagem de 1946 até 2001.

Em 2015 sairão ainda os volumes 5 e 6. Em 2016, os volumes 1 e 7; em 2017, os volumes 2 e 8 e em 2018, os volumes 3 e 9.

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Mais rápido que a sombra

Criado em 1946 pelo belga Morris (pseudônimo de Maurice de Bévère), Lucky Luke é considerado um dos maiores ícones dos quadrinhos europeus, ao lado de Tintin (de Hergé), Asterix (de Uderzo e Goscinny) e Spirou, este bem menos conhecido no Brasil, de autoria de Franquin. O cowboy ficou conhecido como o “pistoleiro mais rápido que a própria sombra” e ganhou diversas adaptações para outras mídias.

As histórias trazem uma reprodução romanceada e bem-humorada do Velho Oeste norte-americano, com a presença de índios, xerifes, saqueadores, vilões latinos, placas de “procura-se”, reservas de ouro, duelos, saloons, entre outros elementos entronizados na cultura pop ocidental. A grande genialidade de Lucky Luke foi ter consciência desses clichês para usá-los tanto como paródia/deboche quanto como tributo.

No campo estético, Lucky Luke trouxe uma narrativa dinâmica que influenciou diversos autores franco-belgas nas décadas seguintes. Uma das inovações são os painéis cheios de detalhes com diversas ações acontecendo em um único quadro.

Neste volume somos apresentados aos coadjuvantes famosos da série, como os criminosos Irmãos Dalton e seu fiel cavalo Jolly Jumper. Nos 87 álbuns da série, os autores ainda trariam personagens reais como Billy The Kid, Jesse James, Belle Star, a famosa traficante conhecida como Rainha dos Bandidos e o juiz Isaac C. Parker, conhecido por mandar enforcar mais de oitenta homens.

Morris roteirizou e desenhou o personagem até 1955, quando contou com o texto de René Goscinny, já famoso como escritor e roteirista de cinema. Morris trabalhou com sua famosa criação até sua morte, em 2001. Já Goscinny assinou os textos da HQ até sua prematura morte em 1977, com apenas 51 anos. A chegada da coleção ao Brasil merece ser celebrada. Depois de passar por diversas editoras no passado, como Martins Fontes, RGE e Círculo do Livro, Lucky Luke ganha o tratamento à altura de sua importância para a cultura pop.

luckyLUCKY LUKE – VOLUME 4: 1956 – 1957
De Morris e René Goscinny
[Zarabatana Books, 146 págs, R$ 82 (capa dura) e R$ 68 (brochura) / 2014]

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Veja a capa do volume 5:

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