Crítica: Grimes | Visions

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Pop esquisito de Grimes é sopro de novidade para o gênero

Por Paulo Floro

Volta e meia aparece no cenário musical uma cantora pop que ultrapassa os limites estéticos de suas colegas. E por mais que sua pretensão não seja essa, acaba sendo acolhida pelos entusiastas do indie tanto quanto pelas audiências mais acostumadas com sons, digamos, mais conceituais. Ano retrasado, o mundo viveu a explosão de Robyn, legítima herdeira do dance europeu que conseguiu acolhida da crítica e inúmeros fãs em pistas de dança pelo mundo. Agora, é a vez de Grimes, codinome da canadense Claire Bouncher. Ela lança agora Grimes, uma pequena e curta pérola pop que explora o melhor da música eletrônica, o legado das vozes musicais femininas, tudo com um toque de experimentalismo.

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Apesar de só agora ter aparecido para o grande público, este já é o terceiro LP de Claire lançado em um espaço de dois anos. Depois do primeiro disco, Geidi Primes em cassete e o segundo, Halfaxa por uma pequeno selo canadense, ela conseguiu contrato com a prestigiada 4AD, e enfim, confirmou seu hype como uma das mais interessantes novidades de 2012. A garota de 24 anos quis jogar tudo numa salada de referências que incluem em seu repertório pedaços de lo-fi, dream-pop e até pop japonês.

Nada é coeso e, quando ainda estamos nos acostumando, o disco de apenas 48 minutos já terminou. Ouvindo todo o álbum de uma só vez, é difícil prestar atenção em alguma coisa, para ser bem sincero. Explosivo e apressado, tantas influências acabam por ser perder e acaba saindo um disco de eletrônica com um vocal esquisito ao final da audição. É uma proposta que não deixa de ser interessante, no entanto.

Ao ouvir as faixas separadamente, é mais fácil entender essa intenção de Claire em busca do pop perfeito, uma quintessência do gênero que não aceita muita lapidação e esmero. Faixas como “Symphonia IX (My Wait Is U)” tem batida electro hipnótica e é o modo Grimes de fazer uma balada. “Vowels = space and time” remete às mais descartáveis músicas tocadas em boates no início dos anos 00 e nos leva a recuperar o fascínio que tínhamos por algo tão efêmero antigamente.

O disco ainda tem ao menos dois hits. Um deles é “Oblivion”, que ganhou força na blogosfera e teve um clipe bastante comentado. Em seguida, vem “Genesis”, o primeiro single do disco, lançado em janeiro. Grimes traz uma artista interessada em explorar novos caminhos no pop e traz um frescor ao gênero. Boa surpresa, essa menina.

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Visions
[4AD, 2012]

Nota: 8,4