Crítica: Gaby Amarantos | Treme

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TODA MISTURADA
Treme, de Gaby Amarantos, desafia velhos rótulos do pop brasileiro

Por Eduardo Dias
Blogueiro da Revista O Grito!

[Recomendado]

O título do álbum esconde à primeira vista as nuances que se desenrolam pelas 14 músicas que compõem Treme. Aprendemos que Gaby Amarantos poderá ser uma artista de música brasileira acima de categorias usadas em loja de discos e tags do iTunes. O disco nos oferece uma prévia do que é capaz de fazer com sua potente voz e suas habilidades de cantora que ultrapassam o universo do tecnobrega presente nas faixas “Xirley” (o eletrizante primeiro single, de autoria do pernambucano Zé Cafofinho), “Beba Doida”, “Galera da Laje” (com participação dos conterrâneos da Gang do Eletro) e “Faz o T” (esta bem crua aos moldes de festas de aparelhagem paraenses).

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“Ex Mai Love”, o segundo single e trilha sonora de abertura da novela Cheias de Charme (Globo) tem não apenas contribuído para a carreira artística da Gaby, mas anuncia o território de onde ela vem: a música romântica. E assim, Treme expande temas e mistura de sons para além dos limites regionais em músicas como “Pimenta com Sal” (letra bem humorada que conta com a participação de Fernanda Takai), “Coração Está em Pedaços” (música de Zezé de Camargo e Luciano em uma bela interpretação apaixonada), “Ela Tá no Ar” e “Vem Me Amar” – músicas que falam de amor e paixão numa mistura deliciosa de tecnobrega.

“Gemendo” e “Merengue Latino” retornam aos ritmos regionais anunciando as trocas e influências que os estados do Norte do Brasil tem com os países da fronteira mostrando que o distante pode estar tão perto quando se dá espaço para o outro.

Gaby canta as suas raízes na delicada “Mestiça” (com participação de Dona Onete), celebrando, de uma maneira mais suave do que em “Faz o T”, a sua origem e, principalmente, seu orgulho de ainda viver no Jurunas (bairro de periferia de Belém). “Chuva” nos reserva uma linda brincadeira poética sobre a formação da chuva que se transforma em uma declaração de amor intensa no final da música. “Eira”, penúltima música e uma preparação para a catarse de “Faz o T” que fecha o disco, resgata o espírito debochado da cantora para colocar todos de volta à pista para dançar e cantar.

Ao fim da audição de Treme, nós dançamos, cantamos e sofremos (sem muito drama) um pouquinho também. Afinal, é dessa mistura que a música pop é feita. Com certeza o mais importante disco brasileiro do ano e o mais relevante em muito tempo.

Capa TremeGABY AMARANTOS
Treme
[Som Livre, 2012]

Nota: 9,5