Crítica: Europa Report, de Sebastián Cordero

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Dois astronautas rumo a Europa: driblando pouco dinheiro com boa narrativa (Foto: Divulgação/Netflix).
Foto: Divulgação/Magnolia/Netflix.
Foto: Divulgação/Magnolia/Netflix.

PEQUENO ÉPICO ESPACIAL
Inédito nos cinemas, Europa Report é boa produção sobre exploração espacial

Escondido entre as trocentas opções do Netflix, Europa Report, que estreou no serviço de streaming, é um bom filme que contou de um jeito criativo uma trama contada e recontada no cinema: a exploração espacial e o terror do ser humano frente ao desconhecido. A diferença aqui é que o pouquíssimo dinheiro serviu de instiga para o diretor criar soluções criativas ao falar de um grupo de astronautas que viaja até Europa, a quarta maior lua de Júpiter.

Contada em forma de documentário, o filme trabalha o suspense da exploração através de entrevistas com a tripulação, que documentava tudo o que se passava na nave em vídeo e também por meio de imagens de bastidores. É um filme muito sóbrio na sua imaginação do homem chegar tão distante no sistema solar. Por isso, o diretor equatoriano Sebastián Cordero decidiu ambientar a história em um período próximo, para trabalhar com conceitos hoje (quase) possíveis dentro do que a ciência já descobriu.

A missão da nave tripulada Europa 1 é descobrir se há mesmo vida alienígena em Europa, uma possibilidade considerada por cientistas desde que a sonda Galileu descobriu evidências de um oceano de água salgada sob uma espessa camada de gelo no satélite em 1995. Com efeitos especiais pobríssimos, mas com uma narrativa tensa e cheia de saídas inteligentes, Europa Report consegue dar o clima necessário para prender a atenção do espectador.

Dois astronautas rumo a Europa: driblando pouco dinheiro com boa narrativa (Foto: Divulgação/Netflix).
Duas astronautas rumo a Europa: driblando pouco dinheiro com boa narrativa (Foto: Divulgação/Netflix).

Mais do que o terror de uma ameaça que pode matar todos a bordo, o filme cria tensão para o fato: existe mesmo vida fora do planeta Terra? Sem comunicação com o controle da missão, os tripulantes precisam acertar a convivência e se arriscar a conseguir evidências necessárias sobre Europa. É um trabalho modesto que sabe focar bem no lado psicológico dos personagens, além de se esquivar dos clichês de ficção-espacial.

O elenco, sem nenhum nome conhecido, traz um veterano em ficção-científica Sharlto Copley, de Distrito 9, e Michael Nyqvist, da versão original sueca de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres. Mas, no geral, todos estão ótimos. Alguns deslizes do roteiro de Philip Gelatt são até admissíveis, como o astronauta temeroso e as falhas técnicas sucessivas, mas em geral, o filme todo é uma boa descoberta. Está mais próximo da experiência de algo mais intimista como Moon, de Duncan Jones, do que o épico grandioso – e para muitos, abilolado – de Prometheus.

O filme, que estreou nos EUA ano passado e não conseguiu distribuição nos cinemas brasileiros, foi direto para o Netflix no Brasil. A inspiração para a trama veio de uma missão de verdade que a Nasa planeja fazer, junto com agências espaciais da Europa e Japão, ao satélite Europa em 2020. Vale a pena saber mais sobre o assunto.

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De Sebastián Cordero
[Europa Report, EUA, 2013 / Netflix]
Com Michael Nyqvist, Sharlto Copley, Anamaria Marinca

Nota: 7,5