Crítica – Disco: Raury | All We Need

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O músico norte-americano Raury, mais um prodígio da cena rapper dos EUA, apresenta seu primeiro disco de estúdio, All We Need. Ele teve a chance de explorar com mais sofisticação sua mistura de hip hop, soul, rock psicodélico e folk.

É algo meticuloso e bem construído, que rendeu peças grandiloquentes como “Revolution” e a faixa-título que traz um sampler de “Starman”, de David Bowie. Mas ele também mostra um lado mais delicado como “Her” e suas batidas hipnóticas com vozes ao fundo e a incrivelmente folk-rock “Mama”. Quando surgiu com sua mixtape, Indigo Child, no ano passado, Raury mostrou que estava disposto a experimentar dentro do rap. E encontrou uma fresta ainda não explorada neste que é um dos gêneros mais inovadores no cenário musical hoje.

Seu maior feito foi misturar o violão do rock mais tradicional ao rap, com larga influência de bandas como Fleet Foxes, Bon Iver e Queen. Com isso ele se afasta de uma estrada já bem movimentada dos rappers que se apoiam no jazz para compor suas bases, como é o caso de Kendrick Lamar, Madlib, Freddie Gibbs e toda a galera do Black Hippy. Também não mostra muito interesse no dance e no industrial, caso de nomes como Run The Jewels e Kanye West. E, óbvio, está distante do rap mais tradicional e comercial ainda explorados por Drake, Eminem, etc. Com apenas 19 anos, All We Need é um disco que chega para marcar território em um campo ainda pouco explorado. Ponto para Raury e suas ideias ainda verdes, mas instigantes.

O disco peca por rimas óbvias em alguns momentos e traz uma miscelânea meio caótica de levadas. Ficou a sensação de que tudo poderia ser melhor editado para se chegar a uma proposta mais coesa. Ainda assim é um trabalho intrigante pelas possibilidades que levanta.

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