Crítica – Disco: Jair Naves | Trovões A Me Atingir

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Foto: Divulgação.
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Jair Naves sedimenta estilo próprio no segundo disco

Por Paulo Floro

Ex-Ludovic, Jair Naves tornou-se um dos nomes mais relevantes na construção de um novo panteão de ídolos do pop nacional. Em grande parte por conta de seu estilo que tenta de desprender do que tinha sido mostrado até então. Seu timbre vocal é dissonante, assim como sua proposta estética. E depois de uma estreia celebrada, ele mostra um maior domínio desse seu estilo próprio no novo Trovões A Me Atingir, que chega agora ao streaming e CD e no segundo semestre em vinil.

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O trabalho traz um narrativa sobre relacionamentos e seu lugar dentro da paisagem urbana. As letras deixam transparecer um personagem um tanto pessimista, com um romantismo um tanto exagerado. É o modo de Jair lidar com sentimentos que precisam ser expurgados, olhados de frente. E é esse traço rebuscado, apaixonado, que faz o charme do músico.

Na sonoridade percebemos uma maior sofisticação em relação ao primeiro trabalho, E Você se Sente numa Cela Escura, Planejando a sua Fuga, Cavando o Chão com as Próprias Unhas. Depois de uma estreia muito calcada no pós-punk, Jair mostra que está dispostos a abraçar novas propostas estéticas que podem levá-lo a um outro patamar. Faixas como “B”, com participação de Bárbara Eugênia, ajudam a entender esta nova fase.

O álbum contou também com a colaboração de uma banda maior e muitas participações. Guizado e Beto Mejia (Móveis Coloniais de Acaju), e os instrumentistas Raphael Evangelista (violoncelo) e Caio e Igor Bologna (percussão) participaram das composições.

jairnavesJAIR NAVES
Trovões A Me Atingir
[Independente, 2015]

8,0