Crítica-Disco: CupcakKe usa o sexo para se empoderar e mudar o jogo no rap

8.5

A rapper americana Cupcakke (nome artístico da MC de Chicago Elizabeth Eden Harris) reúne tudo o que se espera dessa palavra tão em voga, “lacração”. Com uma atitude positiva frente ao sexo, ela usa letras diretas e explícitas (“vulgares”, dirão alguns) para discursar a partir de uma proposta queer, feminina, livre de estereótipos e puritanismo. É o trabalho mais sofisticado e bem-produzido da rapper.

ephorizeEphorize é seu terceiro trabalho e quebra com um paradigma do rap ao trazer uma MC mulher falando de temas que em geral estão distantes do repertório do gênero. Na faixa “Self Interview” ela marca um posicionamento poderoso quando diz “nem tudo é sobre sexo e armas”. CupcakKe mostra que existe enormes possibilidades no rap ao tratar de violência e sexualidade, e isso inclui discutir empoderamento, desilusões, gênero e aceitação do corpo.

Em “Crayons” ela cria um hino LGBT bradando “Garoto com garoto, garota com garota, goste de quem você quiser, foda-se o mundo”. Outras músicas tratam de autoestima, como “Exit”, onde ela exorciza uma relação tóxica com seu ex ou na já citada “Self Interview”, falando sobre preconceito das mulheres que falam abertamente de sexo.

Quase todo o disco é repleto por uma produção bem próxima do pop, além de trazer uma mistura de gangsta com eletrônica. Tudo isso aliado a letras absurdas, sem rodeios, hilárias na maior parte, perfeitas pra chocar quem ainda coloca pressão nas mulheres por um comportamento tido como “adequado”. CupcakKe está mandando todo mundo se fuder, sem pedir desculpas, e com razão. Ephorize é seu melhor trabalho e foi todo escrito por ela e com produção de Def Starz e Turreekk. Essa MC é uma das melhores surpresas do Hip Hop e chega para ocupar um lugar ainda muito reivindicado por homens, no caso o debate aberto sobre sexo.

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Editor