Crítica-Disco: Abayomy Afrobeat Orquestra une pop, raízes africanas e brasilidade

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O afrobeat, gênero criado pelo mestre nigeriano Fela Kuti, encontrou no Brasil um ambiente propício para se desenvolver. Abayomy Afrobeat Orquestra, do Rio de Janeiro, é um dos grupos que levantam a bandeira desse ritmo. O novo trabalho Abra Sua Cabeça mantém o nível da ótima estreia de 2012 e traz participações especiais de Tony Allen, Céu e Jorge Du Peixe. A produção é de Pupillo.

O grupo é parte de um movimento que utiliza o afrobeat como uma forma de se relacionar com as raízes africanas. Antibalas, Bixiga 70, Alarm Funk e Abeokuta são alguns nomes que trabalham a mesma proposta.

Fundado originalmente nos anos 1970 na Nigéria, o afrobeat é um gênero que se fundamenta tanto na estética quanto na política. Em seu cerne criativo está uma resistência contra a dominação cultural e a alienação, além de um resgate das raízes como forma de insurgência ao imperialismo.

Neste segundo disco do Abayomy Afrobeat Orquestra vemos uma aproximação com outros gêneros, como o samba (cujas raízes também estão na África). É o caso de “Mundo Sem Memória”, que tem participação de Otto. “Vou Pra Onde Vou”, com Du Peixe reúne elementos do manguebeat.

Na chegada de “Sensitiva”, com Céu, vemos que a produção soube explorar a malemolência da voz da cantora em uma faixa cadenciada e de apelo reggae. A presença de Tony Allen, que tocou com o próprio Fela Kuti, aparece aqui menos como uma chancela e mais como um indicativo de que seu trabalho não pode estacionar.

O grupo soube fazer deste disco o mais pop do afrobeat além-África. Ao alargar suas fronteiras, Pupillo e os integrantes foram além da pura homenagem ao dialogar com as diferentes expressões da música brasileira e mundial. Para navegantes de primeira viagem e para iniciados, Abra Sua Cabeça é joia polida que merece ser ouvida.

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