Crítica: Daymé Arocena e a renovação da música cubana com Cubafonía

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Uma das mais gratas novidades de Cuba este ano, Daymé Arocena é parte da renovação da cena musical do país caribenho e apresenta um segundo trabalho que soa como um reset. Depois de uma estreia tanto apática e genérica no que diz respeito às escolhas de sonoridade e arranjo, aqui ela retorna muito mais ousada e inventiva. É também é aqui em que ela melhor explora suas raízes cubanas em intercâmbio com ritmos dançantes, como a rumba.

Arocena também está mais segura nas letras, bem mais cheia de nuances. O trabalho tem momentos bem interessantes, como “Mambo Na’Mà”, um jazz-fusion chapado com instrumental cheio de preciosismo e “Eleggua”, primeiro single, em que a cantora explora seus alcances vocais.

Ainda na faixa dos 20 anos, Daymé Arocena começou a chamar atenção ainda na banda de jazz Maqueque, mas sua presença na cena musical de Cuba foi bem antes, aos 14, como parte do grupo Los Primos. Sua voz vem sendo comparada às lendas da ilha, o que ficou evidenciado em Nueva Era, sua estreia em disco solo, em 2015. Chama também atenção sua devoção à Santería, religião tradicional cubana, o que leva a artista a se apresentar quase sempre de branco.

Cubafonía é um bom exemplo de como a música cubana segue viva e buscando novos caminhos para se renovar. Este disco está longe dos clássicos que a ilha já trouxe ao mundo, mas ainda assim é prova da ebulição sonora que ainda rola por lá.

DAYMÉ AROCENA
Cubafonía
[Brownswood Recordings, 2017]

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