Crítica: Com o Snail Mail o nosso indie-rock está vivo

8.5

Lindsay Jordan, conhecida como Snail Mail, tem apenas 19 anos e é um dos nomes responsáveis pela renovação do rock independente. Ao lado de outras artistas igualmente jovens como TORRES, Waxahatchee, Courtney Barnett e Soccer Mommy, ela ressignifica uma música da década em que nasceu.

Suas influências vêm diretamente de uma época de ouro do indie-rock americano, dos melhores momentos de Dinosaur Jr., Pavement e Sonic Youth. Inclusive esse seu disco de estreia, Lush, tem muito do estilo Kim Gordon do SY, da fase Daydream Nation (escute “Deep Sea” pra tirar a prova). Jordan traz uma inquietude de fim da adolescência e uma interpretação cheia de nuances, o que faz desse disco uma estreia bem consistente.

Seus arranjos de guitarras são carregados de emotividade e chegam sem um filtro excessivo de produção como estamos acostumados a ver no rock nos últimos anos. Ao mesmo tempo que existe essa verve autêntica e crua, Lush está longe de ser um registro lo-fi. Ao contrário: é um dos trabalhos mais sofisticados do gênero, com mixagem impecável, notas audíveis e arranjos que mesclam guitarras com instrumentos como trompa.

Vulnerável e despida de uma redoma trazida pela fama, Jordan nos convence a entrar nessa sua entrega apaixonada de angústia adolescente. Com ecos de Liz Phair e Fiona Apple, as letras parecem saídas de um romance de formação com muita descoberta de amor, confusão, fuga e insegurança. O disco é repleto de bons momentos, a exemplo de “Pristine”, “Heat Wave” e “Speaking Terms”. Quem disser que o indie-rock morreu precisa ouvir a Snail Mail.

SNAIL MAIL
Lush
[Matador, 2018]

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