Crítica: Avenida Paulista, de Luiz Gê

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HQ critica desenvolvimento caótico de São Paulo com subjetividade e delírios visuais

Escondido do grande público durante mais de dez anos, Avenida Paulista é um clássico dos quadrinhos nacionais. A HQ narra cem anos das transformações acontecidas na mais importante avenida de São Paulo. Com muita pesquisa iconográfica e histórica, é obra de peso que resume o desenvolvimento caótico da cidade.

O livro ganha um gancho importante nos dias de hoje em que se discute o preço que iremos pagar em nome de um suposto progresso que se sobrepõe com a força de vigas e concretos em cima da memória, meio-ambiente e cotidiano do local. É o que ocorre, por exemplo, no Recife e também em São Paulo.

Avenida Paulista mostra como a avenida passou da ideia de um arborizado Boulevard em estilo europeu pensado pelo engenheiro Joaquim Eugênio de Lima para a atual via sem árvores, engarrafada e com arranha-céus com fachadas de vidro. Luiz Gê teve a genialidade de usar seus delírios visuais para criar um panorama estético que preza antes de tudo pela subjetividade. Por isso, em meio à história da avenida, vemos dinossauros de concreto, prédios flutuando e uma estética de sonho.

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Pensada originalmente como um especial da revista Goodyear, de circulação restrita, a HQ só agora chega ao grande público pela Companhia das Letras. Curiosamente, a obra mais importante de Luiz Gê marcou seu afastamente dos quadrinhos, em 1991. Por muito tempo, a edição original foi cobiçada por colecionadores, mas chega agora em uma bela edição, com um longo prefácio do autor. Esperamos que este seja o primeiro de muitos trabalhos do autor que veremos nas livrarias. [Paulo Floro]

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Luiz Gê
[Quadrinhos na Cia/Companhia das Letras, 90 págs, R$ 39]

Nota: 8,4

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