Coquetel Molotov 10 anos: Recife saiu da zona de conforto, mas há muito a melhorar

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Público durante a edição do ano passado (Divulgação)
Público durante a edição do ano passado (Divulgação)
Público durante a edição do ano passado (Divulgação)

Ao completar dez anos, o festival No Ar Coquetel Molotov consolidou sua personalidade dentro da cena cultural do Recife. Sempre relacionado a uma cultura independente, ele foi mudando de uma proposta mais experimental e underground para uma proposta mais pop e aberta. “Acho que ser indie hoje é um sentimento. Apesar das mudanças, acreditamos que continuamos com o mesmo espírito do faça-você-mesmo, das relações mais pessoais”, diz Ana Garcia, produtora e uma das fundadoras do coletivo que organiza o evento. “O experimentalismo ainda continua presente, mas em menor grau. Por outro lado há muitos artistas bacanas brasileiros que ainda seguem sem espaço em festivais.

A edição deste ano tem como destaque Rodrigo Amarante, Cícero, Metá Metá, Perfume Genius e Bixiga 70. Veja a programação completa.

Quando começou, em 2004, o festival trouxe para o Recife a banda escocesa Teenage Fanclub. Nos anos seguintes colocou no palco nomes fortes da cena indie internacional como Miike Snow, Beirut, Peter Bjorn & John, entre outros. Muitos deles fizeram parte do projeto Invasão Sueca, que também aconteceu em outras cidades do País. Nos últimos anos o No Ar teve como atração nomes reverenciados da música brasileira como Clube da Esquina, Moraes Moreira e idolatrados como o Racionais MCs. “Essa edição de dez anos termina um ciclo para o Coquetel. Ano que vem pensaremos um festival bem diferente”, diz Ana. “Cumprimos nossa parte. Quando começamos existia muito preconceito com shows em teatro e as pessoas não acreditavam que bandas gringas poderiam tocar no Recife. Hoje tudo isso mudou”, explica Jarmeson de Lima, produtor e cofundador do festival. “Ajudamos a cidade a sair da zona de conforto”.

O surgimento do Coquetel Molotov coincidiu com um novo momento da cena cultural da cidade, no início dos anos 2000. “Não só novos artistas apareceram, como também novos produtores, cineastas, designers”, diz Jarmeson. “Acho que o que mudou mesmo nesses dez anos foi o público. São pessoas jovens, abertas a novidades, que estão conhecendo novos nomes cada vez mais rápido”, resume Ana. Segundo eles, ainda há buracos. “Não temos um circuito de shows para as bandas tocarem. É preciso mais espaços de pequeno e médio porte com interesse em novos nomes. A produção ainda precisa escoar mais. Hoje ficamos presos a projetos específicos que tem a limitação de tempo. É preciso algo regular”, disse a dupla.

Produtores e cofundadores do Coquetel Molotov, Ana Garcia e Jarmeson de Lima (Foto: Rev.OGrito!/Instagram)
Produtores e cofundadores do Coquetel Molotov, Ana Garcia e Jarmeson de Lima (Foto: Rev.OGrito!/Instagram)