Cobertura: Tim Festival São Paulo (Sábado)

NOITE DAS DIVAS
Por Mariana Mandelli

São Paulo – Sábado, 27 de outubro de 2007
Auditório do Ibirapuera

A noite paulistana das “Novas Divas” aconteceu no sábado, 27 de outubro, no auditório do Ibirapuera. No line-up, Katia B, Cibelle e Feist. Ou melhor, Chan Marshall, mais conhecida como Cat Power. Uma suposta crise de labirintite fez Leslie Feist cancelar sua vinda ao Brasil um dia antes de se apresentar no Rio de Janeiro e dois antes do show em São Paulo. No palco carioca, Antony And The Johnsons substituiu a cantora. Já o Ibirapuera ganhou mais uma vez a presença sublime de Chan Marshall.

Katia B Tim 2007

Os shows do sábado começaram com uma tímida Katia B, que pouco interagiu com o público. Envolta em um belíssimo vestido vermelho e azul e entoando a voz poderosa, a cantora misturou basicamente as canções de seu novo disco, Espacial (2007), e Só Deixo Meu Coração na Mão de Quem Pode (2003). A apresentação começou com “Mundo Grande”, seguida por “Viajei”. “Canto de Alegria”, “Só Deixo Meu Coração…” e “Segredo” também fizeram parte do show, encerrado com “A rã”, composição de João Donato e Caetano Veloso.

Cibelle Tim 2007

Cibelle entrou no auditório vestindo uma roupa indefinida e extremamente psicodélica, tão colorida quanto sua simpatia e sua voz delicada. Muito à vontade, conversou muito com o público, brincou, dançou, fez ginástica e sentou no chão. Cheia de personalidade, cantou as canções de seu disco The Shine of Dried Electric Leaves (2006). Dizendo estar feliz por tocar em São Paulo – Cibelle é paulistana –, a cantora explicava sua inspiração para escrever cada música. Em “Minha Neguinha”, composta para sua amiga Vanessa da Mata, Cibelle chamou a cantora, que assistia ao show na primeira fila, para subir ao palco e dar uma palhinha. Vanessa cantou “Boa Sorte/ Good Luck”, escrita em parceria com Ben Harper. Entoando sua guitarra e uma aparelhagem eletrônica exótica, Cibelle ainda cantou “London London”, “City People” e “Green Grass”, entre outras canções de sua MPB eletrônica. Ao fim da apresentação, foi intensamente aplaudida por um auditório que se levantou para consagrar tardiamente em terras brasileiras aquela que já tem o reconhecimento lá fora.

Com mais de quarenta minutos de atraso, a mais esperada atração da noite subiu ao palco. Vestindo a mesma roupa de suas apresentações anteriores no Rio e em São Paulo – calça jeans e uma camiseta verde – Chan Marshall começou sua apresentação acompanhada da excelente The Dirty Delta Blues Band, composta por Gregg Foreman (teclado), Erik Paparazzi (baixo), Judah Bauer (guitarra) e Jim White (bateria).

Com pleno domínio do palco, fazendo dancinhas bizarras e passando leveza para o público, Chan Marshall estava segura e mais simpática do que nunca. A voz embargada, quente e inconfundível encheu os ouvidos do auditório. Depois de duas canções – uma delas um belíssimo cover de “New York, New York”, imortalizada na voz de Frank Sinatra –, ela disse que quem quisesse poderia chegar mais perto do palco. Uma avalanche de fãs se levantou das cadeiras e grudou aos pés dela, ficando a centímetros da cantora – centímetros esses que deixaram de existir por diversas vezes durante a apresentação, pois Chan Marshall fazia questão de dar a mão para o público e aceitar presentes (de flores a cigarros), além de distribuir set lists, toalhas e outros objetos entre os fãs.

Tossindo bastante e se desculpando pela voz, Cat Power e sua banda foram do blues ao soul, passando pelo rock, folk e country. As versões e covers dominatrix o show: “Satisfaction”, dos Rolling Stones; “I’ve been loving you”, de Ottis Reading; “Don’t explain”, Billie Holiday e “Lost someone”, famosa na voz de James Brown, entre muitas outras. Conversando muito com o público, Chan Marshall cantou suas gravações mais antigas, como “Metal Heart” e “Naked If I Want To”, além do repertório de seu mais novo álbum, The Greatest (2006), como a faixa-título, “Could We” e “Lived in Bars”. Ao fim da apresentação, prometendo voltar em 2008, ninguém lembrava de Feist nem do fato de Cat Power ser, naquela noite, uma atração substituta.

COBERTURA TIM FESTIVAL DOMINGO