Cobertura No Ar Coquetel Molotov 2010 | Primeiro Dia

Crédito: Caroline Bittencourt
Foto: Caroline Bittencourt
Fotos: Caroline Bittencourt / Divulgação

FIRST NIGHT, FIRST SIGHT
Primeira noite viu a consagração de Otto e mostrou força do rock dançante do Miike Snow

Por Fernando de Albuquerque
Editor da Revista O Grito!

No primeiro dia da grade de programação do Coquetel Molotov o abre e fecha ficou por conta da pernambucanidade. Começando com Zé Cafofinho e Suas Correntes e fechando com Otto. Tiago Andrade, o nome verdadeiro do Zé Cafofinho, fez uma performance quase teatral com um gingado meio malandro e a voz grave. Ele deixou a plateia animada com um show de identidade cambiante em letras que mais se assemelham à crônicas bem construídas acerca da boemia, da boa malandragem, da cachaça e de boas lembranças. Seu violino abriu as portas do Teatro da UFPE e foi quem convidou o público que, do lado de fora, se revezava entre comprar cerveja e exibir o looks compostos com esmero.

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Soko foi a segunda a subir ao palco. Um tanto antipática e com a boca suja ela pediu, várias vezes, que a plateia se calasse para que suas composições atingissem o deleite necessário para o encantamento. Não foi atendida…e continuou reclamando. Stéphanie Sokolinski, uma jovem parisiense, que adotou o nome de SoKo por conta própria, passou a noite entoando suas canções muito intimistas. No repertório ela não colocou suas músicas mais conhecidas, mas entrou cantando I’ll Kill Her, sua composição mais famosa. O espaço do Teatro da UFPE foi muito grande para Soko. Sua música funciona em um ambiente pequeno para uma conversa entre amigos. Mesmo assim ela não passou despercebida.

Crédito: Caroline Bittencourt

Impossível passar incólume ao folk sutil de Soko. Suas letras atrevidas, todas em inglês, mas com um forte sotaque francês e uma influência de Johnny Cash, mostra o quanto podemos ser apenas pobres coitados quando tomamos um pé na bunda ou mesmo pessoas atormentadas pela paixão e amor não correspondido. E que no fundo de tudo isso, carrega-se o desejo de vingança como a própria Soko deixa transparecer em “My Enemy”. Em que mescla amor, dor e desejo de fazer o mal. Mas tudo com muito bom humor….humor fofo e de difícil deglutição aos acostumados ao tom de pastelão.

Soko abriu os trabalhos para o Miike Snow>. Eles fizeram um show extremamente curto para a benemerança de suas letras bem construídas. O grupo, formado por Chris Karlsson, Pontus Winnberg e Andrew Wyatt (o único da turma que não nasceu na Suécia). Com uma presença considerável de público eles subiram ao palco para mostrar as músicas do elogiado álbum estreia Miike Snow, lançado ano passado.

No comando de três teclados, um órgão eletrônico, uma bateria e muitos sintetizadores, o Miike Snow usou máscaras brancas e mostrou porque é um dos grupos mais aclamados da atualidade. Afora a performance o que eles exibiram, com muito profissionalismo, um som extremamente dançante e que abusava das batidas ritmadas e distorções. Transformando o Teatro da UFPE em uma grande pista de dança. Do gargarejo à porta de saída a vontade era uma só: dançar, dançar, dançar.

Destaque para a interpretação de “Sylvia” e “Animal”, músicas mais conhecidas do grupo e que foram os pontos altos da noite. A sonoridade viva do trio foi capaz de contagiar e satisfazer o público presente, marcando de forma indelével a primeira noite do Coquetel Molotov.

O efeito Otto
Com o teatro lotado, a sexta-feira marcou a consagração do músico pernambucano Otto. Ele passou todo o ano de 2010 sem fazer shows no Recife para tornar este seu retorno ainda mais exclusivo. Com o público se amontoando em frente ao palco, o cantor viu a deixa para uma entrega típica de suas apresentações.

Após este show, fica claro que Otto agora pertence a um novo patamar dentro do cenário musical brasileiro. Com seu novo disco, Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, ele conseguiu se transformar num astro popular, ao mesmo tempo em que alcança grande prestígio por parte da crítica. Em bem mais de uma hora, ele tocou hits de seu novo trabalho, como “6 Minutos”, “Saudade” e “Crua”. Desta vez, recuperou alguns sucessos do disco Condom Black e tocou percussão, instrumento com o qual começou a carreira.

E como um dos shows mais importantes de sua nova fase, Otto aproveitou o quanto pode o tempo em que ficou em evidência. Lembrou de sua infância em Belo Jardim, no Interior de Pernambuco, de sua juventude no bairro da Cidade Universitária (onde se localiza o teatro) e de seu período antes de ficar famoso. Correspondeu aos gritos das meninas e fez tudo o que se esperava dele: tirou a camisa, correu o palco todo, desceu à plateia e rebolou. Viveu o seu melhor momento o quanto podia.

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