Cobertura: Muse

Muse [São Paulo] Foto: Aline Amaral Aline/ Flickr | /presquephotographe

INSANIDADE ME(N)TAL
Muse faz show apoteótico e conquista São Paulo com metal e efeitos especiais
Por Mariana Mandelli. Foto: Aline Amaral

MUSE | HSBC Brasil, São Paulo
31 de julho, 2008

Metaaaaaaaal! Essa palavra, gritada do jeito mais Massacration possível, praticamente define o clima do show paulista do Muse. No último dia de julho, uma quinta-feira, a banda britânica formada por Matthew Bellamy (vocal, piano e guitarra), Dominic Howard (bateria) e Christopher Wolstenholme (baixo e backing vocal) fez a alegria dos 4.000 fãs presentes no HSBC Brasil (antigo Tom Brasil). Apesar de contar com um público eclético – por todos os lados havia emos, indies e outros rótulos do gênero –, os canhões de gelo seco, chuvas de papel picado, balões gigantes, show de luzes e um telão com imagens futuristas deram conta de um espetáculo com efeitos que beiravam o metal farofa.

A produção não foi a mesma apresentada no DVD HAARP (2008), que traz o show no Wembley Stadium de Londres, mesmo porque a estrutura do HSBC Brasil, um lugar fechado e bem diferente de um estádio, é péssima: casa lotada, calor infernal, acústica ruim e chão nivelado que dificulta a visão do palco.

Mas nada disso importa porque, desde o apagar das luzes para o início da apresentação, o público já estava completamente arrebatado, fazendo coro e berrando coisas do tipo “olê, olê, Muse, Muse”. Aos primeiros acordes de “Knights Of Cydonia”, logo após a introdução “Dance Of The Knights”, um estado de catarse generalizada tomou conta da multidão completamente entregue à mistura de progressivo, indie e, é claro, metal, que caracteriza o som do Muse. A partir dali, qualquer coisa que Bellamy fizesse no palco, sem muito esforço, seria motivo de ovação pela platéia. O estado de êxtase que tomou os fãs ansiosos chegou ao ápice nas duas faixas seguintes: “Hysteria” e “Bliss”, de Absolution (2003) e Origin of Symmetry (2001), respectivamente.

Sem conversar muito com o público, o grupo seguiu com “Map Of The Problematique” e “Supermassive Black Hole”, do ótimo Black Holes and Revelations (2006), último disco de inéditas. “Butterflies And Hurricanes”, “Citizen Erased”, “Feeling Good” (conhecida na voz de Nina Simone), “Osaka Jam” e a quase balada “Invincible” foram cantadas pela platéia hipnotizada, que, aos pulos, parecia não acreditar que, enfim, Bellamy estava em carne, osso e falsetes em cima do palco paulistano.

A insanidade quase virótica dos fãs foi perpertuada com as guitarras pesadas de “New Born” e as palmas – motivadas pelo próprio Bellamy – do hit “Starlight”. Encerrando o primeiro bloco, “Time Is Running Out” e “Plug In Baby” foram comemoradas com a performance arrebatadora de Dominic Howard nas baquetas.

Chamada aos gritos, a banda retornou para o bis e, para delírio geral, mandou os riffs viajantes de “Stockholm Syndrome”. Para fechar a apresentação, a loucura sônica de “Take A Bow” encerrou a noite histórica para os fãs do Muse. Pode parecer exagero, mas São Paulo vai demorar a se entregar novamente, pelo menos nessa intensidade absurda, a outra banda. Comparações injustas à parte, só um show Radiohead pode arrancar essa energia do público paulista novamente. Por enquanto, os créditos ficam para Bellamy e seus amigos.

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