Cobertura Dragão Fashion Brasil: Mark Greiner é nome forte na moda autoral no Ceará

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Ciclope dos X-Men versão cearense por Weider Silveiro (Foto: Divulgação)
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Destaques do primeiro dia (Fotos: Roberta Braga, Silvia Boriello e Ricardo K)

Mark Greiner desfila como um dos maiores destaques do Dragão Fashion Brasil

Da Revista O Grito, em Fortaleza

O primeiro dia de desfiles do Dragão Fashion Brasil (depois da abertura com Lino Villaventura) reforçou o interesse do evento em evidenciar a chamada “moda autoral” feita no Ceará. O evento de moda é o maior do Nordeste, mas ainda não possui a mesma força midiática que São Paulo Fashion Week e Fashion Rio, com os quais é comparado. “Enquanto a moda comercial está encolhendo, a autoral está aumentando”, disse o organizador do evento, Claudio Silveira, durante uma coletiva de imprensa nesta segunda (14), no Centro Dragão do Mar, em Fortaleza. “Somos a prova viva que é possível fazer moda aqui no meio do nordeste, com foco em nossa própria arte e cultura”, disse.

O evento, que entra em seu 15º ano se firmou como o mais importante do Nordeste e tem como bandeira promover uma moda sustentável e com interesse em uma identidade local. Os desfiles neste primeiro dia trouxeram nomes que se tornaram consagrados por causa do Dragão Fashion Brasil. Um deles é Mark Greiner, cearense descendente de alemães que também é arquiteto. Nos corredores do evento, o burburinho por seu desfile era grande. “A passarela do Greiner é algo para não perder”, me disse uma jornalista de São Paulo, veterana da semana de moda cearense. No entanto, os looks mostrados, disseram alguns, foram os mais comerciais de sua trajetória.

Mark Greiner, um dos estilistas com mais moral no Dragão Fashion (Foto: Paulo Floro/Revista O Grito!)
Mark Greiner, um dos estilistas com mais moral no Dragão Fashion (Foto: Paulo Floro/Revista O Grito!)

O desfile teve como inspiração “a sedução pelo imortal”, nas palavras do próprio criador. Por isso, vimos modelos com batons borrados, muito couro, looks vampirescos e clima kitsch. “Eu não viria para o Dragão este ano, por isso fiz essa coleção em pouco tempo. Tive que simplificar”, explicou Mark Greiner no camarim das modelos em um pavilhão do Centro Dragão do Mar. Falava como se desculpasse, mas defendeu a coleção. “Não tenho pretensão de levar o que mostro na passarela para o consumo. É um exercício criativo”. Mark, que também desfila na Casa dos Criadores, em São Paulo, mantém um atelier em Fortaleza e faz roupas sob medida. Seu trabalho é conhecido por uma modelagem muito bem arquitetada, peças que mais parecem instalação de arte. Sua importância é tão grande no Ceará que ele ganhou uma exposição no vão central do evento com seus hits passados.

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Mark é bastante tímido, com uma aparência ariana grisalha que esconde sob óculos de aro preto e boné. Ele conta as dificuldades que sua ‘proposta artística’ enfrenta no Nordeste, mas segue apostando no mercado local. “Sou muito limitado pela mão de obra especializada, pois a moda é um trabalho principalmente de execução. Outra problema é cultural. A indústria têxtil hoje ainda está muito distante da moda autoral”, contou.

Ciclope dos X-Men versão cearense por Weider Silveiro (Foto: Divulgação)
Ciclope dos X-Men versão cearense por Weider Silveiro (Foto: Divulgação)

Choque e marasmo no primeiro dia

O dia ainda teve os desfiles de Jedson Ranieri, Ivanildo Nunes, Weider Silveiro, Ronaldo Silvestre e Mar Del Castro. Este último fechou o dia com uma coleção chamada “Ecos do Mangue”. A moda praia trazida pelos estilistas Rafaela e André Del Castro utilizou materiais dos manguezais locais e um padrão de estampa que imita uma típica vegetação de lá.

Já Weider, uma “incógnita” para entendidos de Dragão Fashion, trouxe estilo futurista, com óculos que pareciam Ciclope dos X-Men e roupas pesadas que devem fazer calor aqui pelas bandas de Fortaleza (33 graus na sombra). Ronaldo Silvestre foi bastante elogiado com suas roupas-colagem, estampas divertidas que deram nova cara ao jeans. Lembrou muito aqueles cobertores antigos cheios de padrão e trouxe frescor, sobretudo apostando em uma moda masculina mais usável e descolada. Já Ivanildo Nunes trouxe roupas de festa, com vestidos longuíssimos, tule e, claro, muito carão.

Mas, foi Jedson Ranieri quem melhor explorou o tal termo moda autoral, forçando as barreiras da modelagem, estampa, e trazendo modelos sustentando looks bem ao estilo daqueles desfiles malucos em que a plateia chega para levar um choque.

Veja mais imagens nas galerias:

Mar Del Castro

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Ivanildo Nunes e Weider Silveiro

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Jedson Ranieiri

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* O jornalista viajou a convite da organização do evento