Cobertura: Arte e sexo no Mamam

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Uma noite excitante no museu
Abertura do simpósio Arte Sexo e Socidade teve como destaque curtas que discutiam limites do pornô e artístico

Por Alexandre Figueirôa
Editor da Revista O Grito!, no Recife

A primeira noite do simpósio Arte Sexo e Sociedade Contemporânea Brasileira teve início na noite dessa quarta (15) dando uma tapa elegante na hipocrisia com que o tema em geral é tratado no Brasil. O evento aconteceu no auditório do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), no Recife. Destricted.Br, projeto que une cinema e arte erótica realizado por Lula Buarque de Holanda e Marcia Fortes, provocou uma instigante experiência estética para quem não tem vergonha em encarar a sexualidade como algo inerente à condição humana e é capaz de vivê-la na vida e na arte.

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Destricted.Br é um projeto em progresso que conta atualmente com nove curtas que exploram a interseção entre arte e pornografia de forma explícita. Nele temos filmes de artistas plásticos como Adriana Varejão, Tunga, Julião Sarmento, entre outros e de cineastas como Karin Aïnouz. Os curtas mesclam ficção, documentário, performance, proporcionando visões originais de representações da sexualidade.

A maior parte dos curtas exibidos ontem no MAMAM estabelecem um diálogo mais próximo com a videoarte. Os de Adriana Varejão e Tunga, por exemplo, remetem diretamente ao trabalho artístico desenvolvido por eles. O mais ousado porém na interação direta e irrestrita entre arte e sexo foi Ponto de Vista, de Janaina Tschäpe, ao colocar uma câmera na testa de uma mulher enquanto ela transa com três homens ao mesmo tempo. O mais cinematográfico entre as obras apresentadoas foi o de Karin Aïnouz retratando um casal de meia idade fazendo amor numa cachoeira. Após a exibição houve um debate com Lila Buarque e os cineastas Cláudio Assis e Tuca Siqueira.

O simpósio prossegue hoje com o curador Moacir do Anjos analisando os submundos latentes na obra da fotógrafa norte-americana Nan Goldin. Em seguida a mestre em Ciências da Computação Janine Seus, que trabalha como prostituta no ambiente virtual do Second Life, e a psicóloga Marina Pinheiro fazem um apanhado sobre o sexo digital e os fetiches das novas gerações.

Amanhã Nanci Feijó (presidenta do Sindicato das Prostitutas de Pernambuco), Fernando Fontanella (Doutorando em Comunicação pela UFPE) e Joana Gatis (estilista) debatem a expressão e autonomia sexual ligadas aos profissionais do sexo. Por fim será discutida a exploração comercial e imagética do corpo como objeto sexual, relacionada à abordagem estética-social do gênero musical Tecnobrega.

Fotos: Divulgação
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