Cérebro Eletrônico | Deus e o Diabo no Liquidificador

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Novo disco do Cérebro Eletrônico quer refletir a “condição humana”

Por Juliana Dias
Colaboração para a Revista O Grito!

O novo álbum dos Cerebrais, esperado e lançado com muito mistério, finalmente saiu do forno. Ou, pelo menos, em parte. Uma audição em streaming foi disponibilizada na pré-estreia relâmpago na noite da última quarta (06) até as 12h da quinta (07). Houve certa repercussão no Twitter.

Descrever a banda Cérebro Eletrônico como um misto de batidas eletrônicas, nova bossa, mangue-beat e muita lisergia, sempre com conteúdo, não seria novidade. Mas é essa a imagem que ela passa nas 11 faixas do álbum Deus e o Diabo no Liquidificador, lançado no início de outubro. O início da primeira música, tal qual a divulgação, tem um quê de exclusividade. É só depois de ouvir o solo vocal de Decência (“perdi a decência / ontem eu / perdi a noção”) que os Cerebrais se revelam por inteiro e formam a alma do disco.

MP3 | Cérebro Eletrônico “Desquite”

O instrumental é um dos grandes pontos dessa construção. Por vezes, as batidas acompanham o pensamento, como na viagem do “Fabuloso Destino do Chapeleiro Louco” e nos pensamentos rápidos de “Os dados estão lançados”. Em outras, a letra pesada contrasta ao som leve: é o caso de “Cama”. O mangue-beat aprimorado sempre está por perto, mas é em “220V” que a raiz fala mais alto. Ficam por dentro desse caldeirão de sons, ainda, a gaita “Sóbrio” e “Só” e as paradinhas carnavalescas de “Desestabelecerei”) e “Realejo em Dó”.

Outras faixas mais “cerebrais” não deixam o instrumental de lado, mas destacam-se pela crítica: “Garoto Estereótipo”, com o tipo comum e clichê individualista; “Desquite” e o jogo linguístico das frases mais ditas na separação de casais; e “Black&Decker”, com a metáfora das pessoas-eletrodomésticos.

A faixa título, por sua vez, unifica no último momento todos os temas discutidos: conta a história de Deus e o Diabo, refletindo a condição do homem no mundo. A conclusão é o mote da vez: “Deus é mais, o Diabo é menos, o homem é mais ou menos”. E é o “mais ou menos” desse humano, tão cheio de viagens, tristezas e alegrias, que o disco nos conta.

CÉREBRO ELETRÔNICO
Deus e o Diabo no Liquidificador
[Independente, 2010

NOTA: 7,5