Cavalera Conspiracy | Inflikted

Cavalera Conspiracy (Foto: Divulgação)

CHACOALHANDO A CABEÇA
Com sonoridade crua e pesada, os irmãos Cavalera lançam novo álbum e mostram que já não vivem sob a imagem do Sepultura
Por Iúri Moreira

CAVALERA CONSPIRACY
Inflikted
[Roadrunner Records, 2008]

frontDemorou até mais do que muita gente imaginava. Embora ainda não seja a reunião do Sepultura clássico, o projeto Cavalera Conspiracy é a prova de que a química ainda existe, pelo menos entre os dois irmãos de sangue, Max e Igor. Junto com Marc Rizzo na segunda guitarra e Joe Duplantier no baixo, os Cavalera soltaram há algumas semanas a bolacha Inflikted. Um álbum muito esperado que tem mais altos que baixos, para alegria dos fãs.

Max e Igor Cavalera voltaram a trabalhar juntos após 12 anos, desde a gravação de “Roots” em 1995. As gravações aconteceram em Julho no Undercity Studios em Los Angeles. De cara, dá para perceber que Inflikted tem elementos de Arise, Roots e Chaos AD, além de alguma coisa do Soulfly – a banda solo de Max. Entretanto, pelo menos em comparação aos clássicos do Sepultura, não se equipara em qualidade e porrada a nenhum deles. O que não quer dizer que o disco seja ruim. Os outros é que são excelentes. Em relação à época pós-Max, no entanto, a história é diferente.

O que mais aproxima o novo disco dos clássicos do Sepultura são a sonoridade crua, rápida, com curtos solos de guitarra e, claro, a bateria de Igor. O CD começa bem. “Inflikted” traz uma pegada nervosa no melhor estilo Sepultura, para chacoalhar até a cabeça daquele fã que não acredita muito em duendes, abduções de alienígenas e reuniões de bandas. “Sanctuary”, a segunda, é uma porradaria só, e traz Max em sua melhor forma, urrando como um cão raivoso. Por sinal, raiva é o melhor adjetivo para definir o sentimento por trás deste CD.

Depois da euforia inicial, o ritmo cai um pouco. Nada de muito grave. “Terrorize” tem um groove interessante, e é a primeira música que não lembra o material antigo da ex-banda dos irmãos. “Dark Ark” vem na sequência e começa com os vocais de Max mais falados do que cantados e uma levada de Igor ao fundo. Depois, deságua num thrash metal modernão, que poderia muito bem fazer parte de um disco do Megadeth.

A quinta é “Ultra-Violent”, pesada e lenta, com riffs cavalgados. “Hex” está no disco para lembrar aos fãs que os caras cresceram ouvindo hardcore. Destaque para a britadeira de Igor, como a muito tempo não se ouvia. “The Doom of All Fires”, em seguida, é a mais fraca do CD, mas boa o suficiente para fazer a galera do gargarejo pular feliz da vida na turnê da banda. “Bloodbrawl” vai na mesma linha, e deve ser tocada nos shows exatamente depois de “The Doom…”, pra manter o pique da galera.

“Nevertrust” é outro namoro da banda com o hardcore, e traz uma letra bem ácida. “Hearts of Darkness” é uma das melhores coisas que os irmãos já fizeram, juntando aí os tempos de Sepultura e Soulfly. Empolgante, conta com um excelente trabalho de Marc Rizzo nos solos de guitarra. Fechando o disco, “Must Kill” não faz feio, com um riff marcante e um refrão pegajoso.

Depois de escutar o CD, a sensação que se tem é a seguinte: se o Sepultura vai se reunir ou não, já nem interessa muito. O importante é que Inflikted é melhor do que todos os álbuns da fase pós-Max juntos e, pelo visto, a metade de cá da banda parece estar funcionando muito bem, obrigado!

NOTA: 8,0

Cavalera Conspiracy – Inflikted