Blur e a Zumbi Walking

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WELCOME BACK ZOMBIES!
Depois de desfecho com brigas, fim de amizades e mega sucessos no bolso, bandas remanecentes dos anos 90 voltam à baila com propostas que se diz renovada. Verdade ou mentira?
Por Fernando de Albuquerque

Eles começaram em 1990 com o single “She’s So High”. E fizeram muito sucesso. Os gays eternizaram a banda com o hit “Boys and Girls” que grita pela liberdade sexual e pela escolha free para os seus parceiros na cama. E se a carreira foi marcada pela fantasmagoria do sucesso, ele foi construído por nove discos e seis mega sucessos: “There’s No Other Way” (do disco Leisure); “Chemical World” (Modern Life Is Rubbish); “Coffee & TV” (13); “Girls & Boys” (Parklife); “Song 2” (Blur); “Crazy Beat” (Think Tank). E nessa trajetória eles brigaram, bateram boca, se empurraram, fizeram o maior auê. E depois de velhos e barbados decidiram voltar como se ainda fossem adolescentes a celebrar o sexo sem compromisso. E ao lado de Pulp e Oasis, os rapazes do Blur fizeram a trinca do britpop que agitou o mundo nos anos 90 e, agora, decidiram voltar.

A verdade é que parece meio deprê vê-los fazendo shows para cerca de 150 pessoas no Museu Colchester’s East Anglian Railway, local do primeiro show do quarteto e ainda entoando “Girls and Boys”, “Coffe & TV”, “Tender” e “Parklife”. Tudo bem, o mérito da banda é muito alto. Eles retrataram muito bem o way of life dos anos 90 com crônicas meio românticas sobre garotos e garotas que usaram calça semi bag e com cintura alta, sem a autopiedade e choro embutido que marcou o gostoso do Morrissey.

Mas não é essa imagem que eles querem abandonar. A banda não está nem um pouco renovada e lança o Midlife: A Beginners Guide To Blur, coletânea que representa uma espécie de pout-pourrie das músicas da banda. O álbum, conforme os próprios músicos afirmaram, é uma espécie de manual da banda para aqueles que “perderam a fase produtiva e entusiasmada”. O disco tem 25 faixas. E tem de tudo. De “This Is A Low” até “Blue Jeans” e “Trimm Trabb”. Passando, claro (!), pelos incansáveis “Girls And Boys”, “Coffe And TV” e “Song 2”.

A banda na verdade, está fazendo igualzinho a uma série de outros grupos que decidiram, do nada, voltar a ganhar royalties com suas músicas. Ou melhor: forçar as novas gerações, que vão muito mais à festas, a colocar play nas suas antigas canções. Em 2007, o Led Zeppelin e The Police foram o símbolo mais emblemático desse vai e vem com poucas razões. Outra banda que simbolizou esse retorno dos mortos vivos foi o New Kids On The Block, hit adolescente da década de 1980, eles voltaram à ativa 13 anos depois de anunciar seu fim. Igualzinho a eles fez o Alice In Chais, um dos símbolos máximos do grunge. Eles ensaiaram um retorno com novo vocalista, o William DuVall, que substituiu Layne Staley, morto em 2002 vítima de overdose.

E os exemplos não param por aí. Os veteranos do Kinks podem reaparecer a qualquer momento (até na porta da sua casa) entoando novas, com jeito de velhas, baladinhas. No Brasil o exemplo é de Nasi, do Ira. Ele deu partida à carreira solo no ano passado dizendo que iria brigar na justiça pelo ex-grupo. Qual foi a decisão dos tribunais? Sabe Deus. Quem disse que vai lançar disco esse foi o Strokes. A banda se reuniu em 2009, pondo fim ao intervalo que segue desde o fim da turnê do álbum Fist Impressions of  Earth, de 2006.

E se formos pensar em outros nomes…voltaram também No Doubt, Jane’s Addiction, Limp Bizkit, Phish, Blink 182 e Faith No More. Dá até medo pensar no que essa galerinha pensa em colocar novamente no ar. Espera-se que seus antigos sucessos. Esses são garantias de bonança aos ouvidos.

E quando a causa já não é mais o talento, já que tudo tem data marcada, os anos 90 ainda tem toda aquela fanfarra crazy com a new rave. E todos revivem o Daft Punk com Justice e Digitalism e nos remixes picotados e frenéticos que são capitaneados por produtores como Duke Dumont, Yuksek e Sinden. Reflexos de edições rápidas e bem usuais de clássicos do Aphex Twin. E ainda tem o tal do “neo-trance”, onde gente como Oliver Koletzki e Guy Gerber resgatam arranjos e timbres dos primórdios do trance, de selos como Eye Q e MFS.

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No último ano foi a vez dos meninos do Verve, Jarvis Cocker, o eterno vocalista do Pulp, (que lançou o solo Further Complications) e o ex-vocalista do Suede, Brett Anderson. Este está de volta à pista desde 2007, com Wilderness. Quem promete revival também são os norte-americanos do The Pixies. Eles estão formatando uma super edição especial com todos os discos, com músicas ao vivo e inéditas que comemoram os mais de 20 anos de existência da banda.

Mas entre os remanecentes dos anos 90 os galeses do Manic Street Preachers continuam em plena atividade depois do último Journal For Plague Lovers que marca a continuação da criatividade do grupo. O Super Furry Animals também mandam bem com disco novo e até mesmo o Placebo mantém a continuidade do trabalho com Battle For The Sun

Mas entre tantas bandas e estilos que decidem voltar, não se pode falar, ainda, em um revival completo dos ans 90. Ainda tem muita gente boa que continua trabalhando de maneira firme e se reinventando como Radiohead, Supergrass, Charlatans, Ash, Travis, Gomez e Stereophonics.

Difícil mesmo é pensar na volta do Supertramp e do The Smiths. Todo mundo pede, mas eles se negam. E isso seria motivo para uma grande comoção. Tanto como um possível retorno do Stone Roses, banda de Manchester e que revolucionou o britpop com apenas dois discos. E nenhuma mandiga fez reatar a amizade entre John Suire e o vocalista Ian Brown. Os dois se odeiam de verdade.

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